Ameaçado de expulsão do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Bibo Nunes (RS) definiu como natural a operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (15) que investiga o lançamento de candidaturas laranjas em Pernambuco envolvendo o presidente nacional do Partido Social Liberal, Luciano Bivar (PE). Ele afirmou que diante deste fato os adversários devem desistir de tirar do partido os que têm questionado o comando da legenda.
"Estão anunciando essa expulsão, mas acredito que não vá se concretizar. Eles estão agora sem moral nenhuma. Foram pegos em pleno voo. O fato de Bivar ter a PF em cima dele, não vejo fundamento em expulsar. Eles não tem o porque de expulsar a não ser pelo fato de ter denunciado Bivar", anunciou Nunes.
Segundo ele, a expulsão será "uma placa de ouro, pura honra". Ainda que a expulsão seja concretiza, Bibo Nunes afirma que entrará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) alegando perseguição por parte de Luciano Bivar.
Agentes cumpriram mandados em endereços ligados a Bivar, entre eles a sua residência e uma gráfica usada na campanha de 2018. A operação foi deflagrada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE).
"É uma investigação que considero natural. Pelo que Bivar anda fazendo e aprontando durante todo esse tempo, é bem normal que a Polícia Federal bata na porta da casa dele. Considero isso muito normal", disse Nunes, que acusou Bivar de ser "um coronel e um déspota", além de que "não trabalha com transparência".
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Os casos investigados envolvem candidaturas femininas que teriam sido usadas para desviar recursos dos fundos eleitoral e partidário nas eleições do ano passado. O inquérito investiga a prática dos crimes eleitorais e de organização criminosa. A operação recebeu o nome de Guinhol, uma referência a um marionete, personagem do teatro de fantoches. O nome foi dado pela possibilidade de candidatas terem sido utilizadas exclusivamente para movimentar transações financeiras escusas, segundo a PF.
Além de Nunes, também são ameaçados de expulsão as deputadas federais Carla Zambelli (PSL-SP), Alê Silva (PSL-MG) e o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP). O comando do partido se reúne nesta terça-feira para tomar a decisão. Todos apoiadores de Bolsonaro.
A crise entre a ala bolsonarista e o grupo ligado ao comando do PSL teve mais um capítulo na última sexta-feira, quando Bolsonaro, seu filho e senador Flávio Bolsonaro e mais 20 deputados assinaram um documento pedindo que o partido abra as contas dos últimos cinco anos. Foi uma orientação de advogados do presidente, Karina Kufa e Admar Gonzaga, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).