Para historiador, declaração de Eduardo Bolsonaro é
Michel Jesus/ Câmara dos Deputados - 28.8.19
Para historiador, declaração de Eduardo Bolsonaro é "vazia de sentido".

Na manhã desta segunda-feira (14), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) polemizou ao dizer que o comunismo matou mais pessoas do que o nazismo. Na postagem feita em seu perfil no Twitter, o político chama os dois sistemas de "nefastos" e citou a história do "louco" ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill e como ele derrotou Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.

Leia também: Eduardo Bolsonaro diz que comunismo matou mais do que nazismo

Quem matou mais?

Benito Mussolini (fascista),  Josef Stalin (comunista) e Adolf Hitler (nazista) foram  líderes de matanças
Divulgação/Wikimedia Commons
Benito Mussolini (fascista), Josef Stalin (comunista) e Adolf Hitler (nazista) foram líderes de matanças


Segundo historiadores da Segunda Guerra Mundial, o regime nazista de Adolf Hitler foi responsável pela morte de aproximadamente 19 milhões de pessoas. A maioria das vítimas foram eslavos (12,5 milhões de mortos) e judeus (aproximadamente 6 milhões de mortos).

Leia também: Deputado do PSL quer que males do comunismo sejam divulgados como os do nazismo

Em relação ao comunismo , faltam dados oficiais. Entretanto, segundo  O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão , obra elaborada por professores, pesquisadores e universitários europeus, o regime comunista foi responsável por aproximadamente 94,4 milhões de mortes ao redor do mundo, sendo a maioria delas na China: 65 milhões.

Polêmica vazia

Entrada do antigo campo de concentração nazista de Auschwitz
Reprodução/Bloomberg
Entrada do antigo campo de concentração nazista de Auschwitz


Entretanto, segundo o historiador Marcos Guterman, a declaração de Eduardo, por mais polêmica que seja, é " vazia de sentido " e tem como finalidade alimentar as redes sociais e acabando criando um "campeonato" ideológico. "Não sei aonde ele quer chegar com isso. Que tipo de valor esse dado tem", afirmou Guterman. 

Para o historiador, a afirmação mostra a visão da história que o deputado possui e é um "discurso de confronto", que reafirma que os políticos de direita existem "para combater esse mal chamado comunismo ".

De acordo com Guterman, todos os " regimes totalitários produzem mortes em larga escala" e o que difere os dois regimes citados é a forma como as mortes acontecem. Segundo o historiador, enquanto o comunismo era um regime que impunha sua força diante dos inimigos, o nazismo foi uma "experiência de controle industrial da morte" - por conta da maneira como as minorias foram exterminadas - e que, por isso, se tornou o "símbolo do mal". Entretanto, apesar da discussão, Guterman conclui afirma que "pouco importa quem matou mais pessoas". 

Leia também: Líder do governo na Câmara diz que PSL teria acabado sem Bolsonaro 

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!