Luciano Bivar tenta evitar debandada de deputados do PSL
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Luciano Bivar tenta evitar debandada de deputados do PSL

Dos 53 deputados do PSL , poucos devem protagonizar um desembarque para outros partidos caso o presidente Jair Bolsonaro decida realmente abandonar a sigla. O presidente do partido, Luciano Bivar (PE), alocou aliados na chefia de diretórios estaduais e já prometeu a eles candidaturas nas principais prefeituras do país.

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É o caso de Nelson Barbudo (MT), cotado para concorrer a Cuiabá, Delegado Pablo (AM), pré-candidato em Manaus, Julian Lemos (PB), garantido em João Pessoa. Se optarem por não concorrer, devem influenciar a escolha de aliados como candidatos. Em São Paulo, a candidata de Bivar é Joice Hasselmann, contrariando diretamente o desejo de Bolsonaro. 

Os que querem sair enfrentam ainda outro problema. Na lei atual, deputados só podem mudar de partido seis meses antes das eleições gerais. Caso abandonem antes suas siglas, podem perder cargos em comissões, serem processados por infidelidade partidária e até terem o mandato cassado.

O deputado Felipe Francischini (PR), por exemplo, tem dois fatores que o mantêm no partido. Seu pai, Fernando Francischini, é deputado estadual, se filiou ao PSL junto a Bolsonaro e deve concorrer a prefeito de Curitiba pelo partido no ano que vem. Além disso, Felipe é presidente da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por indicação do próprio Bivar.

O desgaste gerado nos últimos dias com a declaração de Bolsonaro de que Bivar está "queimado para caramba" escancarou disputas antigas pelo controle dos diretórios e pelas candidaturas a prefeito. Bibo Nunes (RS) ameaça sair do partido e critica abertamente Bivar desde que perdeu a disputa do diretório em seu estado para Nereu Crispim, seu rival.

Bibo Nunes vem comandando uma ofensiva contra Luciano Bivar . O gaúcho contabiliza 25 deputados do PSL que poderiam migrar. Já Delegado Waldir (GO), líder da sigla na Câmara, prevê que a sigla teria no máximo oito desertores. Dirigente estadual em Goiás, Waldir é um que ficará na legenda.

Caso líderes consigam aprovar um fundo eleitoral de R$ 3,7 bilhões para as eleições municipais de 2020, a fatia do PSL é de R$ 366,21 milhões, quase empatada com a do PT, em primeiro lugar. O fundo partidário para manter os diretórios também é vultuoso —um total de R$ 103 milhões neste ano.

Uma dos motivos do presidente Jair Bolsonaro em se precaver e deixar o PSL antes das eleições municipais é evitar eleger prefeitos pela onda bolsonarista, mas com viés ideológico diferente do que ele tem pregado. Há um temor de que Bivar amplie muito o número de candidatos e acabe elegendo prefeitos em desacordo com a linha conservadora do presidente.

Para o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), a estratégia de Bolsonaro não prevê sequer como será uma eventual campanha presidencial em 2022 caso deseje concorrer à reeleição.

"O presidente não tem uma estratégia. E só está agindo de acordo com o que ele acha que é certo agora. Como vai fazer o crowfunding da sua própria eleição, ou se dá tiro no pé, ele não está olhando (para isso agora)", diz o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).

A avaliação de aliados de Bivar é de que Bolsonaro já detém de 70% do colégio eleitoral, uma vez que São Paulo está sob o comando de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Rio de Janeiro com Flávio Bolsonaro e Minas Gerais com o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio. A cúpula do PSL diz que o diretório do Maranhão foi o único onde Bolsonaro não pode indicar alguém de sua confiança, porque o dirigente lá tinha um mandato.

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