O presidente Jair Bolsonaro pediu nesta terça-feira para um apoiador esquecer o PSL , partido ao qual é filiado. Bolsonaro ainda disse que o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), está "queimado para caramba". O diálogo ocorreu na saída do Palácio da Alvorada, com um homem que se apresentou como pré-candidato pelo PSL no Recife.
Bolsonaro, então, comentou no ouvido dele:
— Esquece o PSL . Tá ok? Esquece.
Apesar do comentário, o apoiador insiste e grava um vídeo ao lado de Bolsonaro, citando Luciano Bivar:
— Eu, Bolsonaro e Bivar, juntos por um novo Recife.
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A fala de Bolsonaro foi captada em um vídeo do canal do Youtube "Cafezinho com Pimenta", que tem transmitido diariamente a interação de Bolsonaro com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. A equipe de Bolsonaro também costuma gravar a fala, mas nem sempre divulga o vídeo.
O presidente, então, pede para o vídeo não ser divulgado. Bivar é investigado pela Procuradoria Regional Eleitoral em Pernambuco por suspeitas de caixa dois em sua campanha a deputado federal.
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— Cara, não divulga isso, não. O cara está queimado pra caramba lá. Vai queimar o meu filme. Esquece esse cara, esquece o partido.
Depois, o jovem grava outro vídeo, agora sem citar Bivar:
— Viva o Recife, eu e Bolsonaro .
Bolsonaro tem cogitado deixar o PSL. De acordo com o o colunista Lauro Jardim , o presidente disse recentemente que terá uma última conversa com Bivar antes de decidir se irá realmente sair da legenda.
Na segunda-feira, contudo, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro não pretende mudar de partido:
— Não há da parte do presidente, agora, nenhuma formulação com relação a uma suposta transição do partido.
O partido é alvo de uma investigação da Polícia Federal sobre candidaturas laranjas em Minas Gerais . O Ministério Público Eleitoral apresentou na última sexta-feira à Justiça denúncia contra o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e mais 10 pessoas, por crimes relacionados à apresentação de candidaturas de fachada do PSL nas eleições de 2018.
Fundo da discórdia
No início do mês, O GLOBO mostrou que o PSL vem enfrentando uma disputa interna pelo controle do seu fundo partidário de R$ 103 milhões . Aliados de Bolsonaro travam uma briga para que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar , altere o estatuto da legenda e dilua com integrantes da executiva seu poder sobre o controle dos recursos. A mudança enfrenta resistência de Bivar, que começou a sofrer um processo de fritura por deputados que cobram sua saída do cargo.
Interlocutores de Bolsonaro pediram a intervenção do presidente para substituir Bivar por um nome de “perfil técnico”, “conciliador” e que tenha um maior controle da legenda na Câmara. Os deputados do PSL são considerados rebeldes e desalinhados ao governo. A ideia é encontrar um nome de equilíbrio dentro da própria bancada na Câmara para pacificar a base.