O ex-presidente da construtora Odebrecht Marcelo Odebrecht prestou depoimento junto à Justiça Federal nesta sexta-feira (4) e disse que é "injusto" acusar ou condendar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por participação em negociações de propina US$ 40 milhões em troca da liberação de financimanentos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em audiência nesta sexta-feira (4), o empresário disse que, antes, seria necessário rever as contradições nos depoimentos do ex-ministro Antonio Palocci e de seu pai, Emilio Odebrecht. "Como eu disse, não tratei de Lula. Tudo que eu soube de Lula foi através de meu pai, Palocci e Alexandrino (Alencar, ex-executivo da Odebrecht que também firmou delação). E os depoimentos deles estão cheios de contradições.”
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Segundo o jornal O Estado de São Paulo , a declaração de Odebrecht não é a mesma que ele já havia dito anteriormente à Justiça em um acordo de delação premiada homologado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em dezembro de 2017.
À época, o empresário chegou a afirmar que Lula teria direcionado o pedido feito pelo ex-ministro petista Paulo Bernardo. O depoimento de Odebrecht foi utilizado como base para abrir um de inquérito para investigar Lula, Paulo Bernardo, Palocci e a então senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
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Apesar de dizer houve "contradições", Odebrecht não detalhou nenhuma delas. "A essa altura do campeonato, eu não posso dizer nada. Porque eu digo uma coisa, tá lá nos e-mails, meu pai disse que falou comigo, falou com Lula outra. Então eu acho que precisa esclarecer a participação de Lula especificamente, ela precisa ser esclarecida por meu pai e Alexandrino, por meu pai e Palocci", disse.