Líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi alvo de operação da PF
Roque de Sá/Agência Senado - 11.9.19
Líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi alvo de operação da PF

Investigadores que atuam no caso envolvendo o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apontam que há indícios de que o senador utilizou um esquema ilegal de repasses de dinheiro mesmo depois de começar as ser investigado pela Operação Lava Jato . Segundo um delator, um intermediário de Bezerra disse que o senador poderia utilizar a Prefeitura de Petrolina, comandada por um de seus filhos, para “quitar” dívidas não contabilizadas de campanha.

O líder do governo e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE) foram alvo da Operação Desestruturação , deflagrada na manhã desta quinta-feira (19) pela
Polícia Federal. Os dois são suspeitos de terem recebido dinheiro de propina pago por empreiteiras que mantinham obras no Nordeste durante o período em que Fernando Bezerra foi ministro da Integração Nacional, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). As suspeitas são de o senador tenha recebido R$ 5,5 milhões em vantagens ilegais.

Segundo o despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso , que autorizou a deflagração da operação, há elementos para acreditar que Bezerra utilizou
o esquema de repasses ilícitos mesmo depois de ter seu nome envolvido na Operação Lava Jato.

Segundo as investigações, o delator e operador financeiro do esquema João Carlos Lyra teria se encontrado com um intermediário de Bezerra, Iran Padilha Modesto, em fevereiro de
2017.

O motivo da reunião era uma dívida contraída em 2014 por Bezerra no valor de R$ 1,7 milhão para o financiamento de sua campanha e do filho e que ainda não havia sido paga. João
Carlos disse que antes de conceder o empréstimo, a empreiteira OAS teria se comprometido a pagar a dívida no lugar de Fernando Bezerra. A OAS é uma das empresas que atuavam em
obras na região.

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Lyra disse, contudo, que a OAS depois disse que não quitaria a dívida, o que o fez cobrar o empréstimo de Iran.

De acordo com o despacho, a reunião foi gravada por João Carlos Lyra e o áudio foi periciado pela Polícia Federal, que não encontrou indícios de adulteração.

Na conversa, segundo a Polícia Federal, Lyra e Iran discutiram detalhes sobre juros a serem pagos por Bezerra e um local para o pagamento da dívida “sem deixar vestígios”.

Ainda de acordo com o diálogo, Iran diz a Lyra que Fernando Bezerra teria indicado a possibilidade de usar a Prefeitura de Petrolina para a quitação da dívida. Em 2016, outro
filho de Fernando Bezerra, Miguel de Souza Leão Coelho, se elegeu como prefeito do município.

Para Barroso, há indícios de que “o sistema de repasses indevidos continuava, mesmo após a menção ao nome do senador na Operação Lava Jato”.

Em 2017, Bezerra foi um dos diversos políticos mencionados por delatores da Odebrecht no acordo de colaboração firmado por executivos da empresa com a Procuroria Geral da
República (PGR). Segundo delatores da companhia, ele teria recebido dinheiro de propina por obras contra a seca no Nordeste.

Outro lado

Em nota, a defesa do senador Bezerra e do deputado Coelho Filho afirma que os fatos investigados seriam antigos.

“Causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de
contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos
órgãos de persecução penal”, afirmou o advogado André Callegari.

Deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE)
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE)

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A defesa do senador acrescenta que a PGR opinou contra a busca em em endereços do senador, afirmando taxativamente “que a medida terá pouca utilidade prática”.

"Ainda assim o ministro Luís Roberto Barroso a deferiu. Se a própria PGR - titular da persecutio criminis - não tinha interesse na medida extrema, causa ainda mais estranheza a
decretação da cautelar pelo ministro em discordância com a manifestação do MPF. A defesa seguirá firme no propósito de demonstrar que as cautelares são extemporâneas e
desnecessárias", disse o advogado do líder do governo , André Callegari, por meio de nota.

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