O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (16), que seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), tem razão ao afirmar que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”. Segundo ele, o filho "falou o óbvio" ao publicar a frase na semana passada em uma rede social.
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"Ele tem razão. Se fosse em Cuba ou na Coreia do Norte já não teriam aprovado tudo e qualquer reforma sem parlamento? Demora, porque tem a discussão. Isso é natural", afirmou Bolsonaro , em entrevista para a TV Record.
"Ele até falou o óbvio. Se estivesse na aula de português, no meu tempo de garoto, ia falar que isso é uma figura de linguagem conhecida como pleonasmo abusivo. O leite é preto (sic), o leite é branco, o café é preto. O gelo é gelado. Uma coisa óbvia que nem deveria dar essa repercussão toda que se teve. Teve obviamente porque é meu filho. Se fosse uma outra pessoa, não teria problema nenhum", afirmou.
A declaração
teve forte reação na classe política. O presidente da Câmara, R odrigo Maia
(DEM-RJ), ressaltou que a declaração do filho do presidente
"vai contra a democracia liberal" e gera danos na confiança do país. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), afirmou que comentários sobre possíveis enfraquecimentos da democracia merecem "desprezo”. O presidente em exercício
Hamilton Mourão
evitou fazer comentários diretos, mas enfatizou que a democracia é "fundamental" e um dos pilares da civilização ocidental.
Questionado se a declaração era um ataque à democracia, Bolsonaro defendeu que "não tem nada disso".
"Pelo amor de Deus. Alguma manifestação minha? Dizendo que a democracia não pode ser feita diferente? O presidente sou eu. Não tem nada disso. Tudo nós temos procurado o parlamento. Logicamente, tenho minhas críticas ao Parlamento. O Parlamento tem para comigo. Gostaria que fosse mais rápido, por questões obvias. Eu acho que o Carlos até se equivocou. Está sendo rápido demais no governo Bolsonaro (as mudanças e reformas)", apontou.
Relembre o caso
Carlos Bolsonaro disse no Twitter, que a transformação que o Brasil quer não será rápida por vias democráticas: "Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes".
A mensagem foi postada após o vereador comentar sobre os esforços que, segundo ele, o governo do pai faz para acabar com "absurdos que nos meteram no limbo". De acordo com o vereador, o governo tenta colocar o Brasil "nos eixos", mas os "avanços são ignorados, e os malfeitores esquecidos".
"O governo Bolsonaro vem desfazendo absurdos que nos meteram no limbo e tenta nos recolocar nos eixos. O enredo contado por grupelhos e os motivos cada vez mais claro$ lamentavelmente são rapidamente absorvidos por inocentes. Os avanços ignorados e os malfeitores esquecidos", escreveu.
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E conclui afirmando que "como meu pai, também estou muito tranquilo e o poder jamais me seduziu. Boa sorte sempre a todos nós!"
Esta não é a primeira vez que um filho do presidente gera polêmica. Em uma palestra feita antes do primeiro turno das eleições, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que “para fechar” o STF bastam “um cabo e um soldado”. No vídeo do dia 9 de julho de 2018, o deputado é perguntado por um aluno sobre uma eventual ação do STF para impedir a posse de seu pai, caso fosse eleito em primeiro turno, e qual seria a atitude do Exército neste cenário hipotético.