Doria volta a atacar presidente Bolsonaro, desta vez por críticas à comissária da ONU
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Doria volta a atacar presidente Bolsonaro, desta vez por críticas à comissária da ONU

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vinha tentando nos últimos dias não reagir os ataques de  Jair Bolsonaro contra ele, resolveu contra-atacar declarações do presidente. O tucano criticou na manhã desta quinta-feira (5) a ofensa do presidente à ex-presidente do Chile, Michele Bachelet , e pediu para que Bolsonaro se preocupe mais em cuidar do Brasil ao invés de criar confusões internacionais. As declaraçãoes foram repudiadas por políticos chilenos nesta quarta.

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"Tomo a liberdade de sugerir ao Presidente: cuide mais do seu país, mais de seu povo. Menos briga, menos confusão, menos agressões. Invista seu tempo cuidando de seu povo, de seu país. Temos 13 milhões de desempregados, 7 milhões subempregados. 60 milhões votaram no presidente na esperança dele mudar o país. Continuo acreditando que ele pode fazer isso", afirmou Doria .

Em razão das discussões com a ex-presidente do Chile , e com Emmanuel Macron , presidente da França, o  Itamaraty monitora possibildiade que chefes de estado boicotem o discurso de Bolsonaro  nas Nações Unidas. O presidente chileno, Sebastián Piñera, aliado de Bolsonaro e adversário de Bachelet no Chile, também repudiou a declaração do presidente.

Doria já tinha repudiado declarações do presidente quando Bolsonaro atacou o presidente da OAB , Felipe Santa Cruz, pela morte de seu pai na ditadura, insinuando que saberia como o militante morrera.

Bachelet , que hoje ocupa o cargo de alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, afirmou na terça-feira que ocorre uma "redução do espaço cívico e democrático" para ativistas de direitos humanos.

Em resposta, Bolsonaro afirmou nas redes sociais que, ao afirmar que o Brasil perde espaço democrático, a ex-presidente do Chile se esquece que "seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época".

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Para Doria , as declarações de Bolsonaro foram uma indelicadeza: "Não se faz isso com ninguém, ainda mais com uma ex-presidente da República e que hoje representa o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU. Uma indelicadeza, acho que (Bolsonaro) pode compreender, talvez pedir desculpas. Entendo que não foi um gesto bom, tanto que foi condenado pela opinião pública no Chile, tanto os de direita quanto os de esquerda".

O pai de Bachelet, Alberto Bachelet Martinez era um general de brigada da Força Aérea do Chile e se opôs ao golpe de 1973 que derrubou o presidente socialista Salvador Allende. Ele foi preso e torturado pela ditadura do general Augusto Pinochet e morreu de infarto na Prisão Pública de Santiago, aos 50 anos, em 1974. Em 2014, dois ex-militares foram condenados pela tortura e morte de Alberto Bachelet.

De acordo com relatórios feitos no Chile, a ditadura de Augusto Pinochet deixou mais de 40 mil mortes, incluindo mais de 3 mil desaparecidos.

Indefinição sobre teto de gastos não é boa, diz Doria

O governador também questionou as posturas do presidente Bolsonaro na economia . O Doria afirmou que o presidente deve atuar como um líder ao tratar de medidas econômicas como a flexibilização do teto de gastos.

Após o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros , afirmar que o  governo defendia uma mudança no teto de gastos, o presidente afirmou nesta quinta-feira que deve preservar a medida .

"Temos que preservar a Emenda do Teto . Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico. O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes ", escreveu nas redes sociais.

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Para Doria, a indefinição gera insegurança nos mercados: "Não é bom. O ideal seria ter um entendimento de governo, aliás, um entendimento de um líder de governo. O ideal sempre é trabalhar em equipe, dialogar e expressar uma opinião comum a todo a equipe".

O governador destacou que "convive muito" com o ministro Paulo Guedes e destacou que esse tipo de avaliação deve passar pela equipe econômica, cabendo ao presidente ser o porta-voz, e não o responsável por tomar iniciativas que não foram compartilhadas anteriormente.

"Pode gerar idas e vindas, o que não é bom, sobretudo aquilo que afeta o mercado, as bolsas, e também a própria cotação do dolar e gera um pouco de insegurança. Acho que falta um pouco de sintonia melhor mas tenho certeza que nas próxiams semanas isso poderá ser feito", finalizou.

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