O celular de Flávio dos Santos Rodrigues, filho da deputada federal Flordelis dos Santos e assassino confesso do padrasto, tocou dentro da casa da família durante a busca e apreensão feita pela Polícia Civil no dia 18 de junho. Os próprios policiais ligaram para o número do rapaz, já que tinham a informação de que o aparelho estava na residência. Localizar os telefones de Flávio e da vítima, o pastor Anderon do Carmo, estava entre os objetivos dos policiais na ocasião. Os celulares, no entanto, nunca foram localizados pela polícia e nem entregues pela família.
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Em depoimento à polícia, no dia 24 de julho, Maria Edna do Carmo, mãe de Anderson, revelou que viu o momento em que, ao ser preso, no fim do enterro do pastor, Flávio entregou um celular e dinheiro para Simone, sua irmã biológica. À polícia, Flávio disse apenas que entregou sua carteira à irmã e que havia deixado o celular em casa, carregando.
O paradeiro dos telefones é um dos mistérios da investigação . Uma das netas de Flordelis , Lorrane, é suspeita de ter saído da casa enquanto os policiais cumpriam o mandado para jogar um telefone na Praia de Piratininga, em Niterói. O mototaxista que levou a neta de Flordelis na orla foi ouvido pela polícia no dia 26 de junho e admitiu ter feito o trajeto com a jovem na data e horário da busca e apreensão. Ele, no entanto, não relatou ter visto Lorraine jogar o aparelho no mar.
Em depoimento, Lorraine afirmou ter ido à praia de Piratininga para relaxar sozinha na praia e jogar um tênis vermelho no mar. Ela conta que ficou 20 minutos no local, mas o mototaxista, que levou a jovem de volta para casa, deu versão diferente. Ele disse que só deu tempo da jovem ir até o mar e voltar, permanecendo por cerca de cinco minutos na praia.
Quase uma semana após ter prestado depoimento, o mototaxista voltou na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo para contar que havia sido procurado por Lorraine após ter dado o seu primeiro relato à polícia. Ele relatou que no dia 29 de junho, a neta de Flordelis chegou ao ponto de mototáxi onde ele trabalha e o chamou. O rapaz diz que se aproximou do veículo e percebeu que Lorraine estava com um celular na mão para filmá-lo. Em seguida, ele se afastou e a jovem foi embora.
Depoimentos de filhos desmentem Flordelis
A deputada Flordelis afirmou, em seu último depoimento à polícia, dado no dia 24 de junho, que não tinha conhecimento sobre a localização de ambos. Os depoimentos de dois filhos de Flordelis, no entanto, contradizem seus relatos.
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Em depoimento dado à polícia no dia 24 de julho, um dos filhos adotivos de Flordelis, Wagner Andrade Pimenta, o pastor e vereador de São Gonçalo conhecido como Misael , relatou aos investigadores que esteve com a mãe três dias antes, na casa da família, em Pendotiba, Niterói, onde Anderson foi morto. Segundo Misael, durante uma reunião no quarto da mãe, ela escreveu em um caderno os dizeres “Nós quebramos o celular do Niel e jogamos na ponte Rio-Niterói”. Niel era o apelido de Anderson na família.
O depoimento à polícia no qual Flordelis afirmou não ter conhecimento do paradeiro do celular do marido foi dado também no dia 24, mesmo dia em que Misael foi ouvido pelos investigadores. No relato, Misael afirma ainda que o caderno passou pelas mãos de sua esposa, Luana, e de Daniel dos Santos, seu irmão.
Em seu depoimento, o filho adotivo de Flordelis ainda revelou que teve acesso ao telefone celular do pai no dia seguinte ao crime. Misael contou que o aparelho que estava com o motorista da mãe, Marcio da Costa Paulo, conhecido como Buba. Segundo o vereador, Buba relatou a ele que entregaria o celular para Flordelis. Como revelado hoje pelo Extra, no mesmo relato, Misael disse acreditar que a mãe foi a “mentora intelectual” da morte do pastor .
O também pastor e Filho de Flordelis Luan Santos , em seu depoimento, relatou à polícia ter visto o momento em que Buba chegou à casa de Flordelis, com o telefone na mão, para entregá-lo à mãe. Segundo Luan, um dos filhos biológicos de Flordelis, Adriano de Souza, tomou o telefone da mão de Buba e disse que pegaria o aparelho primeiro. Em resposta ao filho, Flordelis disse para que ele apagasse “aquilo que tá lá”. A mulher de Adriano alertou a sogra de que a polícia teria como descobrir se algo fosse deletado do aparelho. Luan afirma que concordou e, segundo ele, Flordelis abaixou a cabeça e ficou em silêncio. Luan prestou depoimento no dia 28 de junho. Ele também disse à polícia acreditar no envolvimento da mãe no crime.
Em seu depoimento à polícia, no dia 26 de junho, Buba confirmou que ficou com o celular de Anderson , mas não revelou o que fez com o aparelho. Já Adriano disse à polícia que não sabia informar a localização do telefone de Anderson.
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