Quem compareceu ao evento de filiação do PSL em Barueri, neste sábado, se deparou também com o lançamento informal de uma pré-candidatura da deputada federal Joice Hasselmann à prefeitura de São Paulo em 2020. Com uma entrada triunfal, a deputada foi recebida pelas centenas de pessoas e pelos demais parlamentares aos gritos de "prefeita! Prefeita!"
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Após recepção calorosa, Joice tomou o microfone e preferiu deixar para o fim do discurso o convite à filiação. Falou sobre sua possível candidatura, defendeu o "jeito brucutu" do presidente Jair Bolsonaro , e afirmou preferir um "presidente de maus modos e bons princípios" a um "mauricinho que vai lá e rouba". Mais tarde, ela falou com a imprensa.
"O abacaxi caiu no meu colo. Sobrou pra mim", declarou ela, dizendo-se surpresa pelo caráter "inesperado" do evento e sua recepção como postulante do PSL à eleição municipal. "Sou candidata com 'pré' na frente. São Paulo precisa de um candidato de direita de verdade", disse.
A deputada afirmou que sua candidatura tem apoio de Luciano Bivar, presidente do partido, e é bem recebida pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela também disse que, assim que seu nome começou a ser cogitado para a disputa, ela conversou com Janaina Paschoal, cujo nome também chegou a ser ventilado, para ter o aval da colega.
Cortejada pelo governador João Doria, de quem ela se diz amiga, para se lançar prefeita pelo PSDB, Hasselmann disse que não se importa em enfrentar os tucanos na eleição municipal do ano que vem. O candidato natural do PSDB deve ser Bruno Covas, atual prefeito e a quem ela de referiu como "cavalo de Troia", referindo-se ao fato de que o tucano não chegou lá eleito e tem uma postura distante do que ela considera ser de um político de direita.
Assim como havia se manifestado antes da saída de Alexandre Frota do PSL , Joice Hasselmann manteve a posição em relação ao caso. A deputada disse que a expulsão "não teve cabimento" e que, no fim das contas, a definição foi boa tanto para a sigla quanto para o deputado, agora filiado ao PSDB.
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"Acho que discordar de uma posição específica de um partido ou de um correligionário não é motivo para expulsar. Mas havia uma situação insustentável ali dentro do PSL em relação ao Frota. Acho que ele estava até torcendo pela expulsão", afirmou.
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Rumo ao milhão
Organizado para ser o principal entre as dezenas de ações da campanha nacional de filiação, ao lado do Rio de Janeiro, o evento deste sábado foi realizado no Palácio de Cristal, um espaço nobre em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O público presente contrastava do tradicional eleitorado que, com alguma frequência, toma a Avenida Paulista para manifestar apoio ao governo, com muitas famílias levando crianças.
Do lado de fora do evento, curiosos paravam para olhar um enorme cartaz, com a imagem de todos os quadros paulistas do PSL, além de Bivar e Bolsonaro, que cobria toda a fachada do prédio. Alguns apontavam o espaço deixado entre as fotografias de Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann — a organização precisou reimprimir às pressas um pedaço da imagem para retirar Alexandre Frota do cartaz.
Posto em prática, a campanha tem por objetivo multiplicar os atuais 271 mil filiados. A meta é chegar a 500 mil nos próximos dois meses e a um milhão até as próximas eleições, em outubro de 2020. Visto como um partido sem base eleitoral, o PSL quer se descolar da pecha de "partido do presidente".
"O momento é oportuno. Não podemos deixar passar a oportunidade de nos consolidar. A gente não tinha partido de direita no Brasil. Agora, temos figuras de representação nacional. O PSL não pode abrir mão de seus ativos políticos. Essa campanha é para atrair as pessoas que se identificam com a pauta conservadora", declarou o deputado federal Júnior Bozzella.
"Por que fazer uma campanha para encher de gente no PSL? Militância. A gente precisa de militância", disse Joice Hasselnann. "Havia uma onda Bolsonaro e um namoro com o PSL. Agora estamos oficializado essa união, para ter militância. Um partido se faz com base, com gente na rua".