O presidente Jair Bolsonaro (PSL) adiou novamente a escolha do procurador-geral da República
e passou a considerar novos nomes para o cargo. Prevista para ser definida até esta
sexta-feira, dia 16, a decisão deve ficar para as próximas semanas. A informação foi confirmada ao jornal O Globo
pela Secretaria-Geral da Presidência, do ministro Jorge de
Oliveira, um dos principais conselheiros do presidente no tema. Com isso, a ideia de ter um interino no cargo, antes rejeitada pelo Executivo, passou a ser considerada.
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"O prazo é aquele que melhor se adequar à seleção da melhor pessoa para este cargo que é tão importante. Ele [ Bolsonaro
] adiantou a sexta-feira como um deadline. Não obstante,
se necessário for a extensão desse prazo ele o fará com toda a tranquilidade, visto que o essencial é a seleção da pessoa que ocupará tão importante cargo", disse nesta quarta-
feira (14) o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros.
O mandato da atual procuradora-geral, Raquel Dodge
, termina no dia 17 de setembro. De acordo com auxiliares do presidente, o ideal era que a escolha fosse feita até um mês antes
do fim período de Dodge no cargo para que houvesse tempo hábil de aprovar o nome no Senado e evitar uma interinidade no cargo.
Nos bastidores, cita-se a possibilidade de que Bolsonaro não irá indicar um nome ao comando da PGR e pretende deixar a instituição sob a chefia de um subprocurador interino.
Pela legislação, o nome que assume interinamente o cargo de procurador-geral da República é o vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, que atualmente
é o subprocurador Alcides Martins, eleito na última sexta-feira.
Seu perfil agradou Bolsonaro: discreto e moderado, Alcides havia votado favoravelmente à indicação do procurador Ailton Benedito para a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Essa
indicação, porém, acabou sendo barrada pelo Conselho Superior. Chefe da Procuradoria da República de Goiás, Ailton é alinhado a teses conservadoras e era um nome desejado por
Bolsonaro para a comissão.
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A preocupação do Palácio do Planalto era que o subprocurador Nicolao Dino, irmão do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB-MA) e ligado ao ex-PGR Rodrigo Janot, conseguisse se eleger vice-presidente do Conselho Superior, tornando-se o nome interino para comandar a PGR em caso de vacância. O resultado da votação na última sexta-feira foi um empate. O critério de escolha, portanto, era o tempo de carreira no Ministério Público Federal ( MPF ). Por ser mais antigo, Alcides ficou com a vice-presidência do conselho.
A tese de manter um interino deixa Bolsonaro com uma carta na manga. Caso o PGR
interino desagrade ao presidente, ele pode indicar um nome para ser nomeado definitivamente e
substitui-lo, possibilidade que não existe no caso da nomeação oficial de um PGR.
Antes favorito ao cargo, o subprocurador Augusto Aras perdeu pontos no Palácio do Planalto após passar a ser alvo de ataques dos parlamentares do PSL, que o classificaram de
"esquerdista". O presidente reuniu-se durante esta semana com vários cotados para o cargo, dentre eles o mais votado da lista tríplice formada em uma eleição interna da categoria, subprocurador Mario Bonsaglia.
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Outros dois que se encontraram com Bolsonaro
nesta semana foram o subprocurador José Bonifácio de Andrada, que foi vice-PGR de Rodrigo Janot e já foi advogado-geral de Aécio
Neves (PSDB) no governo de Minas Gerais, e Antonio Carlos Simões Martins Soares, subprocurador que já cursou a Escola Superior de Guerra, instituição de estudos ligada ao
Ministério da Defesa.