O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (12) que a "tendência" é que o "caos" se instale na Argentina caso a chapa formada por Alberto Fernández e Cristina
Kirchner vença a eleição presidencial e previu uma relação "bastante conflituosa" com o país vizinho se o presidente Maurício Macri for derrotado na tentativa de reeleição, o
que ficou sinalizado pelo resultado das prévias de domingo.
Mais cedo, em Pelotas (RS), Bolsonaro
já havia dito que o Rio Grande do Sul poderia se transformar em uma nova Roraima caso o que ele chamou de "esquerdalha" vença o pleito
, em
referência à crise migratória na fronteira brasileira com a Venezuela.
Ao chegar ao Palácio da Alvorada, na volta da viagem, o pesselista disse que não pretende romper unilateralmente as relações com a Argentina, mas afirmou que o candidato Alberto
Fernández
, que tem Cristina Kirchner
como vice, já sinalizou que vai manter uma relação distante com outros líderes da América do Sul.
"A gente vai ver como fica a situação (a relação com a Argentina). Ninguém quer... Eu (não quero) romper unilateralmente, mas ele mesmo, o candidato (Alberto Fernández) cujo
partido ganhou as prévias agora, falou que quer rever o Mercosul. É o primeiro sinalizador de que vai ser uma situação bastante conflituosa. Se não me engano, (Fernández) esteve
em Curitiba visitando o (ex-presidente) Lula também. São sinalizações mais do que precisas e concretas de que não quer se aliar com aquilo que no momento nos aliamos: com o
(Maurício) Macri, o Marito (Mario Abdo Benitez, presidente paraguaio) e o presidente do Uruguai também", afirmou.
Fernández visitou Lula em julho
e, na ocasião, afirmou que, se eleito, iria rever os termos do acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo ele, o pacto
vai prejudicar a indústria argentina. Bolsonaro citou a reação do mercado nesta segunda — o peso se desvalorizou 14,5% frente ao dólar, e o principal índice dabolsa argentina
caiu 37% — como um prenúncio do que pode acontecer na economia do país vizinho.
"Os juros também foram lá para cima. O sinalizador está aí, um país com esses números, a tendência é o quê? Se transformar numa Venezuela. E nós não queremos o mal para os
nossos irmãos aqui no Sul, pelo contrário. Mais do que nunca, o Brasil, com seu governo, quer a integração, prosperidade da Argentina", disse, voltando a comparar a Argentina
com a Venezuela.
"Agora, se realmente for para essa política de Cristina Kirchner, mesmo como vice, ligada ao Foro de São Paulo, a (Hugo) Chávez no passado, a (Nicolás) Maduro, a Fidel Castro
que se foi... Ligada ao que há de pior aqui na América Latina, a tendência é realmente, pode acontecer, da desgraça, do caos se instalar na Argentina e termos um problema de
entrada de argentinos no Brasil, como vem acontecendo da Venezuela em Relação a Roraima", afirmou.
As primárias de domingo na Argentina funcionaram como uma megapesquisa das eleições presidenciais de 27 de outubro. Como não havia disputa interna nos partidos, o importante era saber qual a proporção de eleitores que votaria em cada chapa. Com 99,37% das urnas apuradas, Alberto Fernández, que tem a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner como vice, teve 47,66% dos votos.
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Macri, candidato à reeleição e que tem o apoio declarado de Bolsonaro
, recebeu 32,08% dos votos, uma diferença de menos 15 pontos percentuais. Na Argentina, para vencer no primeiro turno é necessário ter 45% dos votos ou 40% com uma diferença de ao menos 10 pontos sobre o segundo colocado.