Em primeiro lugar nas pesquisas, o candidato à Presidência da Argentina Alberto Fernández visitou nesta quinta-feira (4)o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba .
O companheiro de chapa da senadora e ex-presidente argentina Cristina Kirchner , que é candidata a vice, criticou a prisão de Lula , afirmando que trata-se de uma "mácula ao Estado de Direito". Ele prometeu se manter ao lado do brasileiro, que cumpre pena de oito anos e dez meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá.
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"Sou professor de Direito Penal na Universidade de Buenos Aires há mais de 30 anos e vejo com muita preocupação a detenção de Lula", disse Fernández. "Talvez o governo brasileiro não perceba que esteja criando uma mácula muito grande ao manter preso um nome como Lula".
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O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que também participou da visita, disse que Fernández é o candidato de Lula na eleição argentina. Na conversa, também foi discutido o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, anunciado na semana passada.
"O acordo condena a Argentina a um processo de desindustrialização", disse Fernández , afirmando que o tratado foi anunciado agora para que o presidente argentino, Mauricio Macri, candidato à reeleição, posso apresentá-lo como um trunfo na campanha eleitoral.
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Analistas argentinos ouvidos pelo GLOBO opinaram que Fernández buscava, com a visita a Lula, reforçar a polarização com Macri e sua aliança com o presidente Jair Bolsonaro. Além disso, o encontro serve, segundo os analistas, para reforçar a denúncia de Cristina de que líderes de esquerda que governaram países do continente são hoje perseguidos políticos da Justiça.
"Estar com Lula não agrega eleitores, serve para mostrar-se como o oposto da dupla Macri-Bolsonaro", comentou Carlos Fara, da Fara e Associados.
Segundo as pesquisas realizadas por sua empresa de consultoria, atualmente Fernández tem 39% das intenções de voto para as eleições de 27 de outubro, contra 33% de Macri. A incógnita é o que aconteceria num eventual segundo turno, já que existe a possibilidade de se consolidar uma grande frente antikirchnerismo, que poderia favorecer o atual chefe de Estado.
"Visitar Lula não soma nem prejudica. É uma mensagem clara que faz parte do discurso de Cristina sobre a perseguição política contra líderes de esquerda", concordou Julio Burdman, professor da Universidade Nacional de Buenos Aires (UBA).
Na opinião de Diego Reynoso, professor da Universidade de San Andrés, o candidato do kirchnerisno quer se posicionar em contraste a Macri em matéria de política externa.
Depois da inscrição de candidaturas, em 22 de junho, a Argentina realizará as primárias partidárias em meados de agosto. Mas em muitos casos, como no kirchnerismo e no macrismo, haverá apenas um candidato. Lula já demonstrou apoio na chapa de Fernandez.