Parlamentares criticam declaração de Bolsonaro sobre fome no Brasil
Marcos Corrêa/PR
Parlamentares criticam declaração de Bolsonaro sobre fome no Brasil

A declaração do presidente Jair Bolsonaro de que "passar fome no Brasil é uma grande mentira " foi criticada nesta sexta-feira por parlamentares. A avaliação é que o presidente desconhece a realidade do país e cria crise ao falar "bobagem". Por outro lado, aliados alegam que ele foi mal interpretado e usou uma "força de expressão".

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 O senador Otto Alencar, líder do PSD, disse que ficou "estarrecido" com a declaração de Bolsonaro . Ele classificou a fala como mais um "disparate verbal" e afirmou que o chefe do Executivo não conhece o país.

"Ele (Bolsonaro) não sabe o que se passa no interior do Brasil.  Será que ele não entende a miséria  da periferia do Rio de Janeiro?  Não sebe que tem 15 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza? Um dia após o outro ele cria uma crise, fala uma bobagem. Lamento muito, é mais um disparate, um lapso verbal entre  tantos outros que ele diz", afirmou o senador.

O deputado federal Arthur Lira, líder do bloco PP, MDB e PTB na Câmara, também não concordou com a afirmação do presidente sobre a fome no Brasil  e sugeriu que Bolsonaro reavalie sua declaração.

"Eu não acredito que tenha sido pejorativo. Mas a distância de Brasília com os rincões do Brasil é o que talvez permita a distância do raciocínio. Em Alagoas, agora, temos mais de 30 municípios em estado de calamidade por causa da seca. O melhor é reavaliar essa declaração", disse Lira. 

Líder da oposição no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também criticou o presidente e disse que a  "ignorância e o despreparo" penalizam principalmente os mais pobres.

 Só um presidente que desconhece por completo a realidade brasileira pode falar esse tipo de besteira. É por presidentes desse tipo que a fome e desnutrição estão segundo dados da  ONU e qualquer instituição estatística, inclusive do IBGE, estão a cada dia aumentando cada vez mais no Brasil.

Para o senador Humberto Costa (PE), líder do PT, a declaração mostra o desconhecimento em relação à realidade brasileira. Para o petista, o presidente está 'encastelado'.

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"É mais uma evidência de que ele não conhece nem de longe a realidade do país. Está encastelado no Palácio do Planalto. E já há alguns meses vem aumentado a população que vive nas ruas e que passa dificuldade. Nos estados, faltam empregos. Nós conseguimos melhorar um pouco a situação nos governos de Lula e Dilma , mas a pobreza está voltando com muita força", afirmou Costa.

Já o  líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), defendeu o presidente e procurou minimizar o que o presidente disse sobre a fome justificando que foi uma "força de expressão". Na avaliação do senador, o presidente é simplório e, muitas vezes, sua fala acaba gerando interpretações dúbias.

"Eu vejo mais como uma força de expressão dele, ele se referindo a alguns países da África, onde tem fome mais intensa, com pessoas de perfil esquelético pelas ruas. Não foi baseada em dados científicos. Ele quis dizer que, com abundância do Brasil, com a capacidade de produção de alimentos, é raro morrer de fome", disse Major Olímpio , completando:

"Acabou tendo uma interpretação errada, de que ele estava desconsiderando o índice de miséria e fome, que é ficar mais de 24 horas sem alimento."

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