Nunca antes na história do país, desde a redemocratização, um presidente da República convocou um evento para celebrar os primeiros 200 dias de gestão. Nesta quinta-feira (18), Jair Bolsonaro se tornou o primeiro ao reunir, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, o alto escalão do governo e demais servidores para fazer um balanço da gestão e anunciar novas medidas.
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Nesta quarta-feira (17), o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou ao Estado de S. Paulo que, após 200 dias, "os objetivos principais [do governo] já estão sendo atingidos", com destaque para a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência. Pelo Twitter, o ministro da Casa Civil de Bolsonaro , Onyx Lorenzoni, ressaltou que a cerimônia desta quinta-feira trará "um balanço de um governo que trabalha muito".
Um dos organizadores do livro "130 Anos: Em Busca da República" (editora Intrínseca, 2019), o historiador e cientista político José Murilo de Carvalho destaca que não se recorda de iniciativa parecida desde a redemocratização e atribui o novo marco a uma estratégia de marketing do governo.
"Imagino que seja [iniciativa de] publicidade, marketing de governo. Mesmo que seja a primeira vez, não vejo nada de errado. É direito dele [marcar os 200 dias e fazer anúncios]. E ele está precisando", analisou.
Segundo pesquisa Datafolha realizada em 4 e 5 de julho, a gestão do presidente é aprovada por 33% da população e rejeitada por outros 33%. De acordo com a enquete, a avaliação está entre as piores no período analisado desde o governo de Fernando Collor de Mello, em 1990. Ainda segundo a pesquisa, para 61% dos entrevistados, Bolsonaro fez menos do que se esperava na Presidência nos últimos meses.
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Conforme antecipou a colunista do O Globo Bela Megale, o balanço desta quinta-feira vai ocorrer no 199º dia da gestão e terá quórum desfalcado de ministros. Damares Alves (Direitos Humanos) cumpre agenda nos Estados Unidos, mesmo país em que Sergio Moro (Justiça) viaja com a família durante licença "para reenergizar o corpo". Ricardo Salles (Meio Ambiente) estará em Fernando de Noronha para tratar de taxas turísticas cobradas na ilha.
Celebrações e balanços são simbólicos no marco de cem dias de governo , quando o chefe do Executivo presta contas sobre realizações do período e projeta novas ações. Pesquisas em notícias e registros passados não apresentaram resultados para eventos semelhantes de 200 dias no Palácio do Planalto . Em 2017, o prefeito de Osasco (SP), Rogério Lins, apresentou publicamente um balanço até o ducentésimo dia de mandato, assim como o prefeito de Nova Friburgo (RJ), Renato Bravo. Quatro anos antes, o chefe do Executivo de Natal, no Rio Grande do Norte, fez o mesmo durante evento na Fecomercio/RN.
A expectativa era de que Bolsonaro anunciasse no evento a liberação do saque de parte do Fundo de Garantia. Para José Murilo de Carvalho, o presidente poderia querer "trombetear" uma medida com tamanho impacto da populaçao na cerimônia inédita. Mais tarde, o governo disse que estudaria mais os termos da medida. Bolsonaro deve assinar um decreto para ampliar a exigência de que indicados a cargos em comissão estejam enquadrados na Lei da Ficha Limpa e tenham formação acadêmica compatível com a função. Mais 100 mil cargos passarão a ser submetidos às novas regras.
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Em 11 de abril, 101º dia do mandato, outra cerimônia no mesmo local marcou os 100 dias de governo — esta, sim, à semelhança do que fizeram governos anteriores. A primeira centena de dias de Bolsonaro à frente do Planalto registrou avanços na economia e na infraestrutura, impasses na articulação política e problemas sérios na Educação e nas Relações Exteriores, segundo análise do jornal O Globo .