O presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar nesta sexta-feira (12) a possibilidade de indicar seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro(PSL-SP), para chefiar a Embaixada do Brasil dos Estados Unidos, e negou que a escolha seja nepotismo.
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"Alguns falam que é nepotismo. Essa função, tem decisão do Supremo, não é nepotismo. Jamais faria isso", declarou Bolsonaro
, referindo-se à súmula vinculante número 13, do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2008.
As declarações foram feitas durante transmissão ao vivo pelo Facebook, ao lado do apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, e do Missionário José Olímpio (DEM-SP), ex-deputado federal.
"Agora, se eu vou indicá-lo ou não, aí eu vou esperar o momento certo se vou ou não. Quanto à crítica, não estou preocup ado com crítica", declarou o presidente.
Em agosto de 2008, o plenário da Corte decidiu proibir autoridades de nomearem cônjuge ou parente até terceiro grau para cargo em comissão, de confiança ou função gratificada em qualquer dos Poderes, no nível municipal, estadual e da União. Mas não especificou se a regra vale para cargos de natureza política — como, por exemplo, ministros e embaixadores.
Diante da disparidade na interpretação da regra, existe um recurso com repercussão geral aguardando julgamento em plenário, que reúne os 11 ministros (o presidente do tribunal não participa das turmas). Será a palavra final do Supremo sobre o assunto. Ainda não há data marcada para esse julgamento.
Durante a live, o o presidente também aproveitou para fazer críticas a adversários políticos que chefiaram o Itamaraty em gestões anteriores.
"Agora, vocês querem que eu bote quem? Celso Amorim (PT) nos Estados Unidos, que é do Itamaraty? Responda aí. Quem foi o último ministro de Relações Exteriores do Brasil [no governo Michel Temer]? Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Ninguém falou nada. Foi aqui chefe das Relações Exteriores , não tinha formação nenhuma dessa área aqui... inclusive, no passado, quando jovem, ele foi motorista do [guerrilheiro brasileiro Carlos] Marighella. Ninguém falava nada", afirmou.
Em seguida o líder de estado voltou a citar o exemplo hipotético de o filho do presidente da Argentina, Mauricio Macri, ser embaixador no Brasil e disse que, se "logicamente" ele fosse competente, receberia tratamento diferenciado.
Indicação depende de aprovação no Senado
O presidente lembrou que a indicação depende de que o filho aceite o convite e da aprovação de senadores, a quem cabe sabatinar embaixadores. Então o presidente elogiou Eduardo, afirmando que o deputado é muito melhor do ele por "sua vivência, sua educação, sua formação", mas destacou ter muito mais experiência.
"Em muitos momentos quem tem a razão sou eu. Não é lá na base do beque de roça não, mas de vez filho dá de beque de roça também, porque filho pra mim vai ser sempre subordinado meu. E em muitas oportunidades, eu tenho botar na cabeça dele que o caminho que ele está indo está errado", declarou.
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"Mas essa questão aí do Eduardo, vou conversar com ele, passa pelo Senado, não passa por mim. Fico muito feliz porque tenho certeza que se meu filho for sabatinado no Senado, ele se sairá muitíssimo bem. Agora, logicamente, o nosso ministro Ernesto Araújo sabe dessa possibilidade e apoia, e não é porque é meu filho, é porque conhece o Eduardo, desde antes de ele ser ministro das Relações Exteriores — concluiu Bolsonaro
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