O presidente Jair Bolsonaro elogiou a capacidade técnica de seus ministros e afirmou que recebe muitos pedidos para trocá-los. Mas também disse que não vai ceder a apelos de partidos para substituí-los. Ele ainda voltou a admitir a possibilidade de se candidatar à reeleição em 2022, desde que esteja "bem ou razoavelmente bem" e que o Congresso não tenha aprovado uma boa reforma política.
Leia também: "Querem me deixar como a rainha da Inglaterra", diz Bolsonaro sobre Congresso
"Não pretendo mudar ministros. Você sabe que há pedidos, natural, né? O ministério que mais pede é o de Minas e Energia, não sei por quê. Ninguém pede o da Damares (Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos). É natural acontecer isso, a gente conversa, se expõe, se explica, e grande parte deles entende da situação em que nós nos encontramos", afirmou Bolsonaro , completando:
"Vamos supor que eu dê o ministério X para tal partido. O PV me pede o Meio Ambiente e bota o Zequinha (Sarney, que já comandou a pasta em governos anteriores) lá, como é que fica o Agronegócio? Todos pedem para política de querer botar o meu homem ou mulher nesse ministério, todos pedem. Todos, sem exceção. Nós não podemos voltar a ter ministros de partidos. É isso que eu sempre apelo para os colegas do parlamento. Eu fiquei 28 anos lá. Eu sei como funciona aquilo lá".
Bolsonaro fez alguns rearranjos recentes na articulação política, justificando que não teve alternativa. Ele tirou, por exemplo, essa atribuição do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, repassando-a para o novo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Apesar disso, o presidente elogiou a articulação de Onyx, fazendo apenas uma ressalva quanto a seu temperamento.
Leia também: 'Ninguém tem certeza da fidelidade', diz Bolsonaro sobre mensagens de Moro
Você viu?
"No meu entender, é um bom articulador. A situação difícil dele é o fusível que tem a menor resistência, queima mais rapidamente, segundo dizem por aí", disse Bolsonaro.
Onyx é filiado ao DEM, assim como os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Agricultura, Tereza Cristina. Já o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, é do PSL, mesmo partido de Bolsonaro. Nesses casos, Bolsonaro destacou a competência deles e disse que suas indicações não partiram dos partidos. Mandetta e Tereza Cristina, afirmou, foram indicações respectivamente das bancadas parlamentares da Saúde e ruralista.
Em relação aos cargos de segundo escalão, ele admitiu ouvir parlamentares para indicações:
"Eu sou do Sudeste. Você pega do Norte, Nordeste, a gente não conhece ninguém lá. Eu não conheço, o (Gustavo) Canuto (ministro do Desenvolvimento Regional) não conhece lá. Então nós temos que botar gente indicada por parlamentar. E nós sabemos quem tá indicando. Se se algo de errado acontecer , o parlamentar será chamado, convidado a conversar conosco".
Quanto à possibilidade de disputar à reeleição, como já havia dito na sexta-feira, ele disse que poderá ser candidato em 2022.
Leia também: Bolsonaro defende uso de drones para proteção de policiais
"O que eu falei durante a campanha toda foi o seguinte: com uma boa reforma política, eu aceitaria acabar com essa política da reeleição. Só eu na reeleição, não! Em 2022, se eu estiver bem ou razoavelmente bem, eu venho. Caso contrário, tô fora. Não existe bom governo com má economia. Eu confio no meus ministros, até que provem o contrário. Paulo Guedes (ministro da Economia) está confiante que, aprovando essa nova previdência, a gente vai deslanchar a economia", disse Bolsonaro .