O ministro da Justiça, Sergio Moro , chegou por volta de 8h55 desta quarta-feira (19) à Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ ), na qual falará a senadores sobre as conversas vazadaspelo site "The Intercept Brasil" que sugerem a colaboração do ex-juiz com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. Moro se antecipou à convocação da comissão e se dispôs a prestar esclarecimentos sobre as mensagens, cuja revelação considera criminosa.
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Moro evitou a imprensa e se recolheu em uma sala de espera. A audência estava prevista para começar às 9h. O ministro chegou à comissão às 9h12. Após mais de oito horas, a sessão terminou às 17h50.
Em entrevista ao programa do Ratinho, exibida na noite desta terça-feira (18), o ministro classificou o vazamento das conversas como um "ataque orquestrado" para anular ações da Lava-Jato .
A sabatina com o ministro, que já era vista como um dos mais fortes embates entre governo e oposição, deve se tornar ainda mais intenso depois das informações divulgadas na noite desta terça-feira de novos trechos. O site apontou que, em um diálogo com Dallagnol , Moro reclamou de um procedimento que poderia prejudicar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso , um "apoiador importante" da Lava-Jato.
Moro, no entanto, não está sozinho na comissão. Apesar das fraturas na base governista, alguns senadores estão se articulando para fazer a defesa do ministro. Os dois lados, oposição e aliados de Moro, cantam vitória, mas o resultado do embate é imprevisível. Isto porque, embora a maioria da CCJ não morre de amores pelo ministro, e vários senadores têm receio de entrar em choque com Moro que, conforme recentes pesquisas, ainda mantém elevada popularidade.
Na semana passada, logo depois de acertar o depoimento na CCJ com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, Moro estava preocupado com a animosidade da oposição e, sobretudo, com a falta de unidade na base governista. Mas, depois de ser recebido duas vezes no Palácio da Alvorada pelo presidente Jair Bolsonaro , o ministro passou a se mostrar mais confiante. Na segunda-feira, um assessor chegou a dizer que o ambiente no meio político estava menos tenso.
Conversas vazadas
Enquanto falar à CCJ, Sergio Moro, terá diante de si ao menos oito senadores citados na Operação Lava-Jato . Entre os citados nas investigações pela força-tarefa , Eduardo Braga (MDB-AM), Jader Barbalho (MDB-PA), Ciro Nogueira (PP-PI), Rose de Freitas (Podemos-ES) e Cid Gomes (PDT-CE) ainda são investigados. Humberto Costa (PT-PE), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Otto Alencar (PSD-BA) tiveram as apurações arquivadas.
Trechos de conversas que vem sendo divulgadas pelo site The Intercept Brasil há duas semanas indicam que Moro indicou a Dallagnol uma testemunha para ser incluída no processo do "triplex" contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-juiz teria orientado também o procurador Carlos dos Santos Lima a emitir nota para apontar contradições num dos depoimentos do ex-presidente, afirmando que até então a imprensa repercutia apenas o "showzinho da defesa".
Outros trechos mostram que Moro sugeriu a troca de uma procuradora que, segundo ele, não saberia fazer perguntas. O ex-juiz cobrou até mais operações da Polícia Federal e sugeriu a inversão de duas delas.
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