Os dez candidatos à lista tríplice para o cargo de procurador-geral da República participaram nesta terça-feira (4), em São Paulo, do terceiro debate promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Durante o debate, que durou cerca de três horas, os candidatos abordaram diversos temas referentes ao papel do Ministério Público Federal, a carreira do procurador e a atuação da PGR .
Ao serem questionados sobre como combater o crime organizado, os candidatos destacaram a importância da integração do MPF com outros órgãos de fiscalização e investigação. Para o procurador Blal Dalloul, secretário-geral na gestão de Rodrigo Janot, é necessário à criação de um grupo nacional de combate ao crime organizado, além de ampliação dos gabinetes de inteligência e contra-inteligência.
O ex-presidente da ANPR José Robalinho Cavalcanti fez críticas ao combate ao crime em fronteiras. Ele também reconheceu a ausência do MP na luta contra facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Nívio de Freitas destacou que é necessário um intercâmbio permanente com instituições como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ), a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, destacando a necessidade de articulação entre os órgãos.
Lauro Cardoso, paraquedista do Exército e secretário-geral do Ministério Público da União, defendeu que o Ministério Público Federal estabeleça convênios para enfrentar o crime organizado.
Para Antonio Carlos Fonseca, o gabinete do procurador-geral deve dar o tom do combate ao crime organizado e é necessário ainda que sejam mapeados os riscos.
Já José Bonifácio Andrada ressaltou que o MPF já possui expertise e propôs reunir os procuradores especialistas em cada área para conduzir os debates. Ele levantou a possibilidade de regionalização de núcleos para ampliar os resultados do trabalho atual.
Na mesma linha, a subprocuradora-geral Luiza Cristina Frischeisen defendeu que os núcleos de combate à corrupção devem servir de exemplo para lutar contra a criminalidade. Ela cobrou ainda uma ação contínua, e não apenas práticas isoladas, ressaltando também a importância da cooperação internacional.
O também subprocurador Paulo Eduardo Bueno cobrou uma melhor interlocução com órgãos do Executivo, bem como uma maior efetividade da Justiça. “Não somos os únicos responsáveis pela segurança pública”, pontuou.
O procurador regional Vladimir Aras defendeu um trabalho mais firme da Secretaria de Relações Institucionais para interlocução com temas legislativos e uma integração com os ministérios públicos estaduais.
No encontro, subprocuradores e procuradores defenderam a importância do respeito à lista tríplice , uma vez que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) sinaliza que pode indicar outra pessoa para o cargo que não tenha passado pela eleição interna da instituição.
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Tradição desde 2001, a lista tríplice tem sido acatada pelos presidentes na escolha do comando da PGR. "A lista é um progresso para o País, isso é reconhecido por todas as forças políticas. Ela garantiu maior visibilidade, com candidato expondo de maneira aberta não apenas para os colegas, mas para a sociedade como um todo, por isso você tem uma pessoa que sairá com liderança da casa, mas também com respeitabilidade técnica e independência", defendeu o procurador regional José Robalinho Cavalcanti.
A atual PGR , Raquel Dodge, decidiu não participar da eleição interna do MPF. No entanto, ela pode ser reconduzida ao cargo por mais dois anos, já que Bolsonaro não é obrigado a seguir a lista. A eleição para lista tríplice será realizada nas unidades do MPF de todo o país, no dia 18 de junho.