
Uma sessão solene em homenagem a abolição da escravidão e os 131 anos da assinatura da Lei Áurea, organizada pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), foi interrompida por uma manifestação de entidades do movimento negro, que entraram no plenário da Câmara aos gritos de "parem de nos matar".
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Um grupo de monarquistas, que prestigiava a sessão na manhã desta terça-feira (14), respondeu com "Isabel, Isabel", em defesa da princesa que assinou a Lei Áurea. O movimento negro, no entanto, argumenta que a libertação da escravidão
foi resultado da luta dos próprios negros. Os parlamentares, por sua vez, começaram a vaiar a manifestação, assista:
Na mesa, estavam também Delegado Waldir (PSL-GO), líder da sigla na Câmara, Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP), que é próxima de Luiz Philippe. "Lembrando os senhores que, se a Marielle foi uma mulher livre, foi graças à Princesa Isabel", afirmou Zambelli, em referência à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro no ano passado.
Os manifestantes, que incluem representantes dos grupos Frente Favela Brasil, Unegro, Movimento Negro Unificado, Educafro e outros, responderam com as palavras de ordem "fascistas, não passarão". A deputada federal Erika Kokay (PT) afirmou, em sua conta do Twitter, que os parlamentares que organizaram a sessão querem homenagear a princesa, que era branca, e calar a voz dos negros.
Ao retomar a palavra, Luiz Philippe, descendente da antiga família real brasileira, disse que é preciso lutar contra a "natureza humana", cujo instinto é de escravizar uns aos outros. Ele também foi vaiado pelos ativistas.
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"A natureza humana nos leva a esses grandes conflitos, nos leva a esses conflitos de escravizar uns aos outros. Isso faz parte da nossa natureza. Como é que combatemos isso? Essa é a grande questão. Como é que combatemos nossa própria natureza na evolução da humanidade? Existe, sim, pessoas com consciência de que escravidão não é bom. A consciência humana combate a própria natureza humana", disse Luiz Philippe.