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Líder do governo na Câmara, Major Vítor Hugo anunciou apoio do PSL à reforma da Previdência
Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Líder do governo na Câmara, Major Vítor Hugo anunciou apoio do PSL à reforma da Previdência

“Não tenho nada contra você, mas sua escolha não passou por mim”, disse Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao líder do governo, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) , em recente conversa na casa oficial do presidente da Câmara. Estava cheia, mas a conversa ocorreu à parte. “O tom foi amistoso”, contou Vitor Hugo em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo , no movimentado gabinete da liderança, no último dia 10.

“A escolha não passou realmente por ele, mas é uma relação que será construída no processo político, ao longo do tempo. Eu estou aprendendo a ser deputado e a ser líder do governo ao mesmo tempo”, afirmou o Major Vitor Hugo .

– O senhor se sente firme no cargo?

– Sim. Tenho todo o sentimento de confiança do presidente Bolsonaro e o apoio da maioria absoluta da bancada.

Baiano de Salvador, niteroiense e goiano – onde nasceu, cresceu e virou político, respectivamente –, o major do Exército da reserva não remunerada vai fazer 42 anos no próximo 31 de maio. Tivesse ficado no quartel, e mantido a performance de 01 em tudo, já estaria perto de chegar a general.

Mas houve sua mulher, a juíza de Direito Flávia Morais Nagato de Araújo, o filho João Vitor, hoje com cinco anos, a vontade de uma vida familiar mais compartilhada em Goiânia, mais próxima a Brasília. Bastou para que o major e também advogado, com OAB, tentasse, em 2014, um concurso para consultor legislativo da Câmara dos Deputados, na área de defesa e segurança nacional.

Deu 01 de novo. Assumiu em janeiro de 2015, e trocou a continência pelas excelências – os 513 deputados federais que podem precisar de consultoria técnica para a elaboração de projetos de lei.

Vitor Hugo de Araújo Almeida foi o 01 no exame nacional para ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em 1993. Tinha 16 anos. Repetiu a primeira colocação na mesma escola no ano seguinte – espadim entregue pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

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‘Viagem de ouro’

Líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Major Vitor Hugo está em seu primeiro mandato
Reprodução
Líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Major Vitor Hugo está em seu primeiro mandato

Na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) – onde o cadete Bolsonaro, da artilharia, turma de 1977, não passou de regular –, Vitor Hugo, da infantaria, foi o 01 geral, o “cadete mais distinto” e o ganhador da cobiçada “viagem de ouro” – uma longa viagem de instrução que em quase sete meses o levou para Nova York, Londres, Roma e outras cidades.

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A primeira excelência a procurá-lo, na consultoria legislativa, foi o então deputado federal Jair Bolsonaro, capitão da reserva. “Quem é o 01 que chegou por aqui?”, saiu perguntando, com o espalhafato do estilo e o espírito de corpo militar. Bolsonaro fez festa, bateu continência e, brincando, mandou o major pagar algumas flexões. “Eu já o admirava”, disse o deputado-major. Deu consultoria a alguns projetos que Bolsonaro apresentou, principalmente na área de defesa.

Nos tempos de quartel, o major saltou de paraquedas, deu tiros, atuou na tríplice fronteira, pegou malária cinco vezes na Costa do Marfim. “Se para isso não faltou coragem, por que eu não vou ter a coragem que o Bolsonaro teve, de encarar os desafios da política?”, perguntava-se de vez em quando. “Eu comecei a sentir falta de poder me posicionar.”

Ao decidir, no segundo semestre da 2016, teve o apoio de Bolsonaro. “Passa a conviver mais aqui com a gente”, disse o deputado.

O major se engajou. “Ele é formado no mesmo lugar que eu. Tem a cabeça muito provavelmente semelhante à minha. Quando passei a conhecê-lo de perto, a admiração aumentou mais”, disse.

Com o apoio explícito do candidato a presidente, elegeu-se com 31.191 votos, 1,03% dos válidos. Só entrou porque a eleição recorde do deputado Delegado Waldir (PSL-GO) – 274.406 votos – ultrapassou o quociente eleitoral. Dos R$ 131 mil que arrecadou, R$ 76,6 mil saíram da carteira do major e da bolsa da juíza. “Não recebi nada do fundo eleitoral e partidário, e não tive tempo de rádio e TV”, disse. “Todos os recursos do partido ficaram concentrados no Delegado Waldir, que também por isso teve uma grande votação.”

O delegado-deputado Waldir é, como se sabe, o livre atirador que lidera o PSL bolsonarista de 55 deputados na Câmara Federal. Não tem qualquer constrangimento em criticar abertamente o major líder do governo , e em dizer, sempre que pode, que seus votos é que o elegeram.

“Não me considero devedor”, diz Vitor Hugo. “O mesmo processo que o alçou à liderança do PSL ainda pode ser contestado.” Ainda conversam, ele conta, aumentando os metros que faltam para a colisão.

O governo frequenta com assiduidade o gabinete da liderança, no anexo II da Câmara. No dia da entrevista ao Estado, o visitante era o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Também já foram lá o general Santos Cruz, da Secretaria de Governo; o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner do Rosário; e o advogado-geral da União, André Mendonça, entre outros. Vão tratar de questões políticas e de projetos em andamento.

Bolsonaro o indicou para líder do governo no dia 15 de janeiro. “A intenção do presidente era colocar alguém em quem ele confiasse 100%”, disse. Não se espere, do deputado, a amplificação dos problemas que abundam. Falta de base parlamentar, impasses no encaminhamento da reforma da Previdência , PSL se digladiando, tchutchuca e tigrão irritando o ministro Paulo Guedes na Comissão de Constituição e Justiça? "Tudo do jogo", diz.

“Nós estamos num momento em que a base do governo não existe. A que existia no passado foi formada através de distribuição de cargos e loteamento de ministérios. E isso não foi feito”, afirmou. “Eu não vou reunir os líderes e falar: ó, o ministério tal é teu, esse outro é teu, e a partir de agora vote comigo independentemente de qualquer tema. Isso não vai existir mais. O presidente não quer que isso exista”, acredita. As informações são do jornal O Estado de São Paulo .

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