Em novembro do ano passado , quando foi questionado sobre a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que preferia esperar para ver as ações concretas do governo para poder avaliar. Agora, com a aproximação do marco dos 100 dias de comando do atual presidente, FHC se posicionou, e a análise não foi positiva.
"Por que Bolsonaro foi eleito? Ele falou temas que sensibilizaram: violência e corrupção, basicamente. Temas que pegaram a onda. Mas ele não disse 'eu vou fazer um Brasil de tal a qual modo'. Tanto que agora ele não sabe o que vai fazer", disse, em entrevista à BBC News Brasil.
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O ex-presidente afirmou que ainda não viu nada do novo governo e que as falhas são muitas, desde a falta de um projeto para o país até as dificuldade em se relacionar com o Congresso. Além disso, lamentou a falta de posicionamento maior de Bolsonaro na busca de aprovação da reforma da Previdência: "O presidente tem que se meter".
Relembre o histórico
Em novembro passado, o ex-presidente afirmou que o governo poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior. "Eu quero ver o que ele vai fazer. Uma coisa é o que as pessoas dizem na campanha, outra coisa é o que fazem. Se for [extrema-direita], contará com a minha oposição”, disse.
Depois, já em fevereiro deste ano, Fernando Henrique Cardoso afirmou que o início de qualquer governo é "desordenado", mas que o atual "estava abusando" . Ressaltou ainda que a interferência dos filhos de Bolsonaro no mandato também era um fator de desestabilização que poderiam afetar todo o País.
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"Não dá para familiares porem lenha na fogueira. Problemas sempre há, de sobra. O Presidente, a família, os amigos e aliados que os atenuem, sem soprar nas brasas. O fogo depois atinge a todos, afeta o país. É tudo a evitar", disse.
Por fim, ao participar de entrevista ao lado do também ex-presidente Michel Temer , FHC disse que o presidente da República deveria afastar seus amigos e familiares da condução do governo, e atuar mais como "árbitro" de diferentes setores governo, do que como "torcedor".
"É preciso ser muito mais árbitro que torcedor. Você torce com o coração, você tem de se conter. As suas decisões precisam ir de acordo com o melhor para o País, não para o seu partido, para os seus amigos, ou para a sua família", disse o tucano.
Para ele, é "grave" quando a crise envolve diretamente o gabinete presidencial, e mais ainda quando a família do presidente está envolvida, algo que se tornou rotina quando se trata da família Bolsonaro .
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