O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (21) que o objetivo da força-tarefa da Lava Jato com a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) foi “desviar a atenção”.
“A Lava Jato tenta desviar a atenção do descrédito em que estava caindo e do fundo de 2,5 bilhões que negociaram com os EUA. A Força Tarefa não precisa de pirotecnia para sobreviver, precisa de sobriedade”, disse Lula .
O ex-presidente petista se referiu ao acordo que previa a criação de uma fundação – cujos administradores seriam definidos pela força-tarefa da Lava Jato – que iria gerir recursos depositados pela Petrobras.
A estatal destinou R$ 2,5 bilhões para a criação dessa fundação no dia 30 de janeiro, visando evitar o pagamento de multa no Brasil (assim como já o fez nos Estados Unidos). No entanto, o acordo está suspenso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ainda pelas redes sociais, o “recado” do ex-presidente postado por sua assessoria afirmou que “ninguém pode ser preso sem o devido processo legal”. “Instituições poderosas como o MP e a PF não podem ficar fazendo espetáculo. Todo aquele que cometer um crime, se o crime for provado, tem que ser punido. Seja o Temer, ou o Lula. Seja o FHC ou o Bolsonaro. Ninguém pode ser preso sem o devido processo legal.”
O emedebista é suspeito de ter recebido propina por meio de um contrato de empreiteiras com a Eletronuclear, estatal responsável pela construção da usina nuclear de Angra 3. Na opinião de Bolsonaro, acordos políticos em nome da governabilidade levaram a essa situação.
Temer chegou no início da noite desta quinta-feira (21) à sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro . O local estava repleto de jornalistas e manifestantes que protestaram ao grito de "ladrão" enquanto o comboio chegava.
Nesta manhã, a força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro prendeu Temer, quando ele saia de sua casa em São Paulo. O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, Temer é o "líder de uma organização criminosa" e que se valeu de duas décadas atuando em cargos públicos para "transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas".
As afirmações constam do pedido de prisão preventiva do ex-presidente e de mais sete pessoas (outras duas foram alvos de prisão temporária). Segundo as investigações, o esquema criminoso envolvia pagamentos (alguns desviados, outros efetuados, e mais outros prometidos) que superam R$ 1, 8 bilhão.
O emedebista ficará em uma cela especial em condições parecidas com a de Lula, em Curitiba (PR). Michel Temer deve ficar em um cômodo dentro da superintendência separado dos outros presos em um espaço chamado no jargão jurídico de sala de Estado Maior. O direito a uma sala especial é previsto em lei e foi considerado constitucional em 2006.