O presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quinta-feira (21) a prisão do ex-presidente Michel Temer ocorrida em um desdobramento da Operação Lava Jato. Ao desembarcar em Santiago, no Chile, onde vai participar da Cúpula Presidencial de Integração Sul-americana, Bolsonaro afirmou que “cada um deve responder por seus atos” e que a "Justiça nasceu para todos".
"A Justiça nasceu para todos e cada um responda pelos seus atos. O que levou a essa situação, pelo que parece, são os acordos políticos dizendo-se em nome da governabilidade. A governabilidade você não faz com esse tipo de acordo, no meu entender. Você faz indicando pessoas sérias e competentes para integrar o seu governo, é assim que eu fiz no meu governo, sem o acordo político, respeitando a Câmara e o Senado brasileiro", afirmou Bolsonaro sobre Michel Temer .
O ex-presidente é suspeito de ter recebido propina por meio de um contrato de empreiteiras com a Eletronuclear, estatal responsável pela construção da usina nuclear de Angra 3. Na opinião de Bolsonaro, acordos políticos em nome da governabilidade levaram à essa situação.
Temer chegou no início da noite desta quinta-feira (21) à sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro . O local estava repleto de jornalistas e manifestantes que protestaram ao grito de "ladrão" enquanto o comboio chegava. O ex-presidente ficará em uma cela especial em condições parecidas ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba (PR).
Nesta manhã, a força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro prendeu Temer, quando ele saia de sua casa em São Paulo. O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Assim como Lula em Curitiba, Temer deve ficar em um cômodo dentro da superintendência separado dos outros presos em um espaço chamado no jargão jurídico de sala de Estado Maior. O direito a uma sala especial é previsto em lei e foi considerado constitucional em 2006.
Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, Temer é o "líder de uma organização criminosa" e que se valeu de duas décadas atuando em cargos públicos para "transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas".
As afirmações constam do pedido de prisão preventiva do ex-presidente e de mais sete pessoas (outras duas foram alvos de prisão temporária). A prisão de Michel Temer tem relação com irregularidades em contratos para a construção da usina nuclear de Angra 3. Segundo as investigações, o esquema criminoso envolvia pagamentos (alguns desviados, outros efetuados, e mais outros prometidos) que superam R$ 1, 8 bilhão.