Jean Wyllys deixou o Brasil em janeiro por conta de ameaças de morte
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Jean Wyllys deixou o Brasil em janeiro por conta de ameaças de morte

A embaixadora do Brasil Maria Nazareth Farani Azevedo deixou a sala de um debate da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, após bater boca com o ex-deputado Jean Wyllys, um dos convidados da mesa para falar sobre populismo no mundo. 

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Jean Wyllys foi convidado pela organização para participar do debate. Em seu discurso, ele criticou o atual governo de Jair Bolsonaro e falou sobre a campanha, que apontou ter sido baseada na disseminação de fake news. 

"Os novos autoritarismos são os velhos autoritarismos, agora articulados com as características próprias da contemporaneidade. Novos autoritarismos, como o do Brasil, continuam elegendo inimigos internos da nação por meio da difamação e constituindo grupos para culpá-los pelos problemas econômicos", afirmou o ex-deputado em um momento do debate. 

Ele também apontou sua própria experiência como exemplo, ressaltando que não pôde assumir seu terceiro mandato e resolveu sair do País por conta de ameaças de morte que vinha sofrendo. "Sou a prova da eficiência desses novos métodos utilizados pelos novos autoritarismos", declarou.

A embaixadora do Brasil não estava na sala no momento do discurso, mas entrou após o evento já ter sido iniciado. Farani pediu para intervir nas falas de outros membros da mesa, mas foi ignorada pela mediadora do debate. No final, após pedir novamente, foi aberto espaço para a fala.

"Bolsonaro não abandonou o Brasil, mesmo depois de ter levado uma tentativa real de tirar sua vida. Não é um criminoso e seu governo não é uma organização criminosa. Não é racista, fascista", defendeu a embaixadora.

Ela também atacou Wyllys e o acusou de "abandonar" seus eleitores e, ao terminar a fala, levantou-se para sair da sala. No entanto, um participante estrangeiro do debate perguntou se a embaixadora não ia ficar para ouvir a resposta do ex-deputado, que começou a falar novamente enquanto ela deixava o evento. Veja o vídeo, publicado no Twitter pelo jornalista Jamil Chade: 




"Por favor embaixadora, ouça minha resposta. A minha presença aqui amedronta a senhora e o seu governo, que não tem compromisso com a democracia, sobretudo no momento em que a imprensa revela ligações entre organizações criminosas e os assassinos de Marielle Franco e a família do presidente da República, que ocupa o Palácio do Planalto", diz Wyllys no vídeo.

A embaixadora, por sua vez, respondeu que a presença do ex-deputado não amedronta, mas "envergonha", e deixou a sala. Por fim, ele pediu que ela respeitasse a democracia e foi aplaudido de pé por alguns dos participantes. 

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Jean Wyllys deixou o Brasil em janeiro por conta de ameaças. Agora, ele vive na Europa e dá palestras sobre a situação atual do País. A Polícia Federal já abriu investigações sobre a violência contra o ex-deputado, mas não houve resposta divulgada até o momento. 

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