O deputado Delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, deu declarações à imprensa na noite desta terça-feira (19), em que avalia que o governo federal ainda não conseguiu formar uma base aliada no Congresso Nacional – medida fundamental para garantir a governabilidade de um presidente.
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"Ele vai ter que construir a base do governo. Hoje ela não existe. O único partido de base e apoio, com declaração de apoio ao governo é o PSL", afirmou o líder do partido de Bolsonaro na Câmara . Para ele, os líderes de siglas que, durante a votação pela presidência da Casa, se uniram ao PSL para reconduzir Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao posto, não declararam lealdade ao governo federal.
"Não existe nenhum dos outros partidos, que estão aqui hoje, que tenha declarado [apoio ao governo federal], mesmo tendo ministros eventuais, que foram ligados a alguém, ao MDB, a outros partidos, né?", conta o deputado.
As declarações do líder do PSL foram dadas depois das primeiras derrotas do governo no Congresso , o que se deu ontem. Pela manhã, foi aprovado requerimento para que o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, vá ao Congresso explicar a nomeação de um militar brasileiro para o Comando Militar Sul nos Estados Unidos.
Pela tarde, o PSL ficou isolado e o governo não conseguiu nem mesmo a maioria simples (os votos de metade mais um dos presentes) para derrubar um projeto que suspendia o decreto assinado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, em exercício da Presidência, que amplia para funcionários comissionados e de segundo escalão o poder para que seja imposto sigilo de documentos públicos.
"Havia apenas a declaração de apoio de bancadas temáticas. Mas [o resultado de] essas duas votações foi um recado do parlamento ao executivo", continua o Delegado Waldir.
Um dia após a declaração do líder do PSL , o presidente Jair Bolsonaro irá à Casa, nesta quarta-feira (20), acompanhado de ministros, entregar a proposta de reforma da Previdência, que pretende instituir idades mínimas de aposentadoria para os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada.
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Na Câmara dos Deputados, a proposta passará primeiramente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), depois irá para uma comissão especial, antes de ir a plenário. Se aprovada em dois turnos por pelo menos três quintos dos deputados (308 votos), a reforma segue para o Senado.