A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber mandou notificar o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para que, caso queira, em até 10 dias, apresente explicações sobre uma entrevista em que disse que o brasileiro se transforma em um "canibal" ao viajar.
Em uma polêmica entrevista à Veja , Vélez Rodríguez conta que é necessária mais educação aos brasileiros, que “rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola”.
A notificação foi feita no dia 11 em uma interpelação judicial apresentada ao STF por um advogado, que acusa Vélez de calúnia e difamação pelas declarações. O ministro tem direito de apresentar ou não explicações. Depois, o advogado pode decidir se apresenta ação por crime contra a honra.
“As acusações do senhor Vélez, além de demonstrarem que dito alienígena não é merecedor da naturalização brasileira que lhe foi concedida, muito menos o é de ser ministro de Estado da Educação”, disse o advogado.
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O ministro é colombiano, mas se naturalizou brasileiro. Professor universitário, ele foi indicado a Jair Bolsonaro para comandar o MEC por Olavo de Carvalho, o filósofo considerado “guru” da direita brasileira.
O ministro da Educação também pode ser convocado a dar explicações na Câmara dos Deputados. O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) diz já ter conseguido assinaturas suficientes para forçar o presidente da Casa, Rodrigo Maia, a chamar Vélez ao plenário da Casa.
Em um vídeo postado em seu Twitter, Alessandro Molon chama a declaração do ministro de inaceitável e lembra que ele não é brasileiro. “São declarações inaceitáveis de um ministro estrangeiro que é naturalizado e não respeita os brasileiros”, disse o deputado.
Também por meio de seu Twitter, Molon confirmou que já obteve o número necessário de assinaturas e que espera que o ministro peça desculpas a todos os brasileiros na Câmara, como já fizeram outros ministros de governos anteriores.
Esta é a terceira polêmica envolvendo Ricardo Vélez Rodríguez . A primeira aconteceu quando o ministro autorizou a edição de um edital que permitia que os livros didáticos trouxessem erros de português e não necessitassem de referências bibliográficas. Depois Rodríguez declarou que não é possível que a universidade chegue a todos os brasileiros.