Gabinete de Segurança Institucional informou que a Igreja Católica
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Gabinete de Segurança Institucional informou que a Igreja Católica "não está sujeita a nenhum tipo de ação" da Abin

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) negou estar realizando espionagem contra membros da Igreja Católica, embora tenha admitido estar preocupado com o Sínodo Extraordinário de Bispos sobre a Amazônia convocado pelo papa Francisco, que acontecerá em outubro de 2019, em Roma.

Em nota oficial, o Gabinete de Segurança Institucional informou que a Igreja Católica "não está sujeita a nenhum tipo de ação" da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).  Por meio do comunicado, o ministro Augusto Heleno afirmou que o governo refutou informações publicadas no último domingo (10) pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre a suposta espionagem de membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade que trabalha na coordenação de alguns dos debates sobre o Sínodo da Amazônia.

No ano passado, o papa Francisco convocou o Sínodo para outubro com o tema "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral", mas também deve abordar temas caros ao Pontífice e vistos com desconfiança pelo governo, como as mudanças climáticas, a preservação ambiental e a proteção de povos indígenas.

Em um dos textos preliminares preparados para orientar os debates, a Igreja expressou seu alarme diante da situação na Amazônia "dilacerada pelos efeitos nocivos do neoextrativismo e pela pressão de grandes interesses econômicos".

Na nota, o governo nega ter mobilizado a Abin para acompanhar reuniões preparatórias para a assembleia episcopal em paróquias e dioceses e reconhece ter algumas preocupações sobre os problemas apontados pelo papa Francisco. "Parte das questões do evento acima mencionado afeta, de certa forma, a soberania nacional, por isso reiteramos o entendimento de que cabe ao Brasil cuidar da Amazônia brasileira", afirmou a nota oficial.

O general Heleno, que antes de ser ministro era líder do Comando Militar da Amazônia, declarou no último domingo (10) que "estamos preocupados e queremos neutralizar isso [Sínodo]" porque é uma forma de "interferência" nos assuntos internos brasileiros.

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"A Igreja e as ONGs vêm influenciando a floresta [Amazônia] há muito tempo", acrescentou. Segundo "O Estado de S. Paulo", o governo lançou uma linha de ação diplomática para neutralizar os efeitos potencialmente "negativos" que o encontro sobre a Amazônia teria sobre a imagem internacional do Brasil. Como parte dessas iniciativas, Brasília tentará buscar o governo da Itália para "interceder" junto ao Vaticano para que a Igreja não assuma uma posição excessivamente crítica.

Nesta terça-feira (12), o general Heleno voltou a afirmar que há entidades e organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras, além de autoridades internacionais que querem interferir no tratamento dispensando à Amazônia brasileira. Segundo ele, o tema é de “soberania” nacional. “[Da] Amazônia brasileira quem cuida é o Brasil.”

“Não vou me meter na Amazônia colombiana, eles fazem o que eles quiserem. Na Amazônia peruana eles fazem o que eles quiserem, desde que o que for feito não afete a integridade ecológica da nossa Amazônia”, disse o general no velório do jornalista Ricardo Boechat, em São Paulo.

Para o ministro, cada país deve ser responsável por sua soberania. “O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, na Floresta da Ardenas, no Alasca, cada país cuida da sua soberania. Eu estou preocupado que o sínodo não entre em assuntos que são afetos a soberania.”

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Segundo o ministro Augusto Heleno, o Brasil tem políticas sustentáveis adequadas e que devem ser respeitadas. “Nós sabemos o que tem que fazer. Nós sabemos fazer desenvolvimento sustentável, segurar o desmatamento. Nós somos o país que menos desmatou no mundo até hoje. A gente fica engolindo umas coisas que não tem que engolir”, disse ao ser questionado sobre o evento da Igreja Católica .

* Com informações da Agência Brasil e Ansa

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