Flávio Bolsonaro empregou duas parentes de suspeito de integrar milícia
Tânia Rêgo/Agência Brasil - 7.9.18
Flávio Bolsonaro empregou duas parentes de suspeito de integrar milícia

O senador eleito Flávio Bolsonaro empregou, em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) até novembro de 2018, a mãe e a esposa do capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, que está foragido desde esta terça-feira (22) acusado de ser um dos chefes da mais antiga milícia da cidade. Nóbrega seria líder do chamado Escritório do Crime, grupo suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol).

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A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, e a mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, trabalharam no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Alerj até novembro de 2018, quando foram exoneradas. Ambas ocupavam o cargo CCDAL-5, com salários de R$ 6.490,35. Raimunda trabalhou no gabinete do senador eleito desde 2016, enquanto Danielle foi funcionária Alerj desde 2010.

Raimunda é uma das servidoras que fizeram repasses para a conta de Fabrício Queiroz. A investigação sobre ex-assessor teve início após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em contas do ex-segurança e ex-motorista de Flávio Bolsonaro. O relatório do Coaf foi anexado às investigações do MP-RJ sobre o pagamento de mesada a deputados estaduais do Rio de Janeiro em troca de apoio ao governo de Sérgio Cabral (MDB).

De acordo com o jornal O Globo , Adriano seria amigo pessoal de Queiroz e foi o ex-motorista que apresentou o policial para a família Bolsonaro. Queiroz também teria sido responsável pela indicação de Raimunda e Danielle para o gabinete de Flávio.

Ex-integrante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano já foi preso em 2011 nas investigações da na operação “Dedo de Deus”, que combatia a prática do jogo do bicho.

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Em nota, a defesa de Flávio Bolsonaro se defendeu das acusações, mas confirmou que as funcionárias foram indicadas por Queiroz.

Confira a nota de Flávio Bolsonaro na íntegra

Flávio Bolsonaro confirmou que Queiroz indicou parentes de acusado de integrar milícia
Reprodução/Facebook
Flávio Bolsonaro confirmou que Queiroz indicou parentes de acusado de integrar milícia

"Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro.

A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão.
Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei

Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar.

Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens.

Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos."

Miliciano foi homenageado por Flávio Bolsonaro

Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope e suspeito de integrar milícia foi homenageado por Flávio Bolsonaro
Divulgação
Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope e suspeito de integrar milícia foi homenageado por Flávio Bolsonaro

Durante sua passagem pela Alerj, Flávio Bolsonaro fez duas homenagens para Adriano Magalhães da Nóbrega. Em 2003, ele apresentou uma moção de louvor ao PM, que na época era 1º tenente e comandante da guarnição de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do 16º BPM (Olaria).

Já em 2005, ele concedeu a Adriano a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria do parlamento fluminense, destacando o currículo do agente. Flávio também apresentou uma moção de louvor ao major Ronald Paulo Alves Pereira, que também foi alvo de mandado de prisão nesta terça-feira. Ronald já foi detido.

Adriano Magalhães da Nóbrega é alvo da Operações Os Intocáveis, realizada pelo  Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que visa coibir a grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com a investigação, suspeita-se que Adriano faça parte do chamado Escritório do Crime, braço armado da milícia , especializado em assassinatos por encomenda. A polícia trabalha com a linha de investigação de que o grupo é responsável pela execução da morte da vereadora.

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