O vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, comentou neste domingo (20) o “caso Queiroz” envolvendo as movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL). Para Mourão, que deve assumir interinamente a Presidência da República na noite deste domingo (20), “o caso Flávio Bolsonaro não tem nada a ver com o governo".
Mourão disse ainda, em entrevista à Reuters, que é preciso aguardar o andamento dos fatos e investigações do caso Queiroz antes de se tirar conclusões. O vice-presidente assume a Presidência, durante a viagem do presidente Jair Bolsonaro para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça.
A opinião de Mourão é compartilhada por outros ministros do governo Bolsonaro. Para o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, a novela sobre as investigações de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), não afeta a imagem do governo do presidente Jair Bolsonaro, pai de Flávio.
De acordo com o ministro, o presidente não encara o caso como um "assunto de governo". "Esse é um assunto do Flávio ", disse Heleno na sexta-feira (18), dia seguinte à liminar que suspendeu a investigação sobre movimentações financeiras atípicas do ex-assessor do filho mais velho de Bolsonaro.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reforçou o discurso do general Heleno, acrescentando que é necessário adotar "cautela" em relação ao caso e aguardar a manifestação da Justiça.
“O governo, do ponto de vista do presidente Bolsonaro, tem muita tranquilidade, porque isso não tem rigorosamente nada a ver com o que envolve o presidente. Ele é, mais uma vez, vítima desse processo”, disse Onyx, conforme reportado pelo jornal O Estado de São Paulo.
A liminar que trouxe de volta à tona o caso do ex-motorista de Flávio Bolsonaro foi proferida pelo vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que está encarregado pelo plantão na Corte. Fux determinou que a apuração conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) fosse suspensa até que o relator do caso, ministro Marco Aurélio, retorne ao trabalho, no primeiro dia de fevereiro.
Marco Aurélio se pronunciou nesta manhã, fora dos autos, a respeito do caso. Em declaração à jornalista Andréia Sadi, da TV Globo, o magistrado disse que costuma mandar para o "lixo" esse tipo de recurso, indicando que deve reverter a decisão de Fux e, assim, abrir mais uma vez caminho para a investigação.
O pedido para suspender o processo chegou ao Supremo por obra da própria defesa de Flávio Bolsonaro – que não consta no ról de investigados no caso. Em nota (confira íntegra ao fim do texto), o advogado Hugo Mendes Plutarco, que representa o filho do presidente, explicou que deve o STF decidir sobre o futuro da investigação, uma vez que o senador eleito passará a ter foro privilegiado, alegando que Flávio "é investigado nos autos desde a efetiva instauração do procedimento".
A investigação sobre Fabrício Queiroz teve início após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em contas do ex-segurança e ex-motorista de Flávio Bolsonaro. O relatório do Coaf foi anexado às investigações do MP-RJ sobre o pagamento de mesada a deputados estaduais do Rio de Janeiro em troca de apoio ao governo de Sérgio Cabral (MDB).
Flávio já se manifestou em algumas ocasiões para dizer que é Queiroz quem deve se explicar. O ex-motorista, amigo pessoal de Jair Bolsonaro desde a década de 1980, disse em entrevista ao SBT que é "um homem de negócios", explicando que os valores movimentados por ele se referem à atividade de compra e venda de veículos. Tanto Flávio quanto Fabrício evitaram prestar depoimento formal ao Ministério Público sobre o caso Queiroz .