Jair Bolsonaro comemorou a prisão de Cesare Battisti e ainda parabenizou o trabalho da equipe que o capturou
Agência Brasil/Fabio Rodrigues
Jair Bolsonaro comemorou a prisão de Cesare Battisti e ainda parabenizou o trabalho da equipe que o capturou

Após a notícia da  captura do terrorista italiano Cesare Battisti, 64 anos, o presidente Jair Bolsonaro escreveu, em sua conta pessoal no Twitter, que “finalmente a justiça será feita”.

Jair Bolsonaro elogiou os responsáveis pela prisão, que foi fruto de uma operação conjunta das polícias da Bolívia e da Itália, que localizou e capturou o criminoso nas ruas de Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades do país.

“Parabéns aos responsáveis pela captura do terrorista Cesare Battisti! Finalmente a justiça será feita ao assassino italiano e companheiro de ideais de um dos governos mais corruptos que já existiram do mundo [PT].”

Battisti foi capturado por volta das 17h deste sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português e apresentou documentos brasileiros. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa .

Bolsonrao defende extradição

Jair Bolsonaro insistiu que Battisti seja enviado para cumprir pena de prisão em território italiano
Marcos Corrêa/PR - 11.1.19
Jair Bolsonaro insistiu que Battisti seja enviado para cumprir pena de prisão em território italiano

Antes e depois de ser eleito, Bolsonaro defendeu a extradição de Battisti. Ele conversou com o embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, que insistiu no processo de envio de Battisti para cumprir a pena de prisão perpétua em território italiano.

Nos últimos dias do governo Michel Temer, houve a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Após dias de buscas, a Polícia Federal divulgou 20 simulações sobre a possível aparência do italiano.

Entenda o caso de Cesare Battisti

Jair Bolsonaro fez um tweet falando sobre a prisão de Cesare Battisti na Bolívia
Reprodução/Polizia di Stato
Jair Bolsonaro fez um tweet falando sobre a prisão de Cesare Battisti na Bolívia

Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das Brigadas Vermelhas.

As vítimas teriam sido um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro de Milão que também teve o filho baleado e ficou paraplégico. Quando ainda tinha seu paradeiro conhecido, o italiano declarou-se inocente e alvo de perseguição política em seu país. Ele fugiu da penitenciária de Frosione, perto de Roma, onde cumpria pena pela morte do joalheiro e saiu da Itália escondido em 1981 quando pediu refúgio na França.

No ano seguinte, ele se mudou para o México, mas retornou à França em 1990 quando passou a atuar como escritor de livros policiais. Em 2005, porém, ele decidiu deixar a Europa após o Conselho de Estado da França ter autorizado a extradição dele para a Itália. É nessa ocasião que ele consegue entrar no Brasil.

Aqui, em 2007, ele acaba preso pela Polícia Federal que monitorava seus movimentos e começa a cumrpir prisão preventiva (sem prazo determinado) enquanto aguarda uma posição final sobre o pedido de extradição apresentado por Roma ao Palácio do Planalto.  

Em 2009, porém, o terrorista conseguiu obter o status de refugiado político através da intervenção do então ministro da Justiça do governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), Tarso Genro, baseado no "fundado temor de perseguição por opinião política".

A decisão causou polêmica pois contrariava a decisão do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e foi alvo de diversos processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Só no fim daquele mesmo ano, o STF julgou "procedente" o pedido de extradição feito pela Itália, mas deixou a palavra final para o presidente da República, como é típico em casos como esse.

No seu último dia de mandato, porém, Lula negou a solicitação do governo italiano e permitiu que o criminoso deixasse a penitenciária da Papuda, em Brasília, em junho de 2011, após ficar quatro anos na cadeia à espera de uma posição das autoridades brasileiras sobre o pedido de extradição. A decisão de Lula gerou mal-estar diplomático com a Itália, que se estendeu por todo o governo de sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Com o impeachment de Dilma e sua substituição pelo então vice-presidente Michel Temer (MDB), porém, a Itália retomou as conversas em torno do pedido de extradição de Battisti, mas no momento em que identificou as movimentações diplomáticas entre Brasil e Itália, a defesa do italiano se antecipou e pediu ao STF uma liminar para impedir sua entrega para as autoridades do país europeu.

Na ocasião, o relator do caso, ministro Luiz Fux concedeu a liminar pedida pela defesa, mas revogou a decisão nesta semana abrindo caminho para que ele fosse considerado foragido pela justiça brasileira depois que a Polícia Federal fez buscas nos seus endereços oficiais de Battisti, mas  não foi capaz de localizá-lo .

No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo STF. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.


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