Ministros Grace Mendonça e Wagner Rosário explicaram o acordo de leniência da Andrade Gutierrez
Divulgação/AGU
Ministros Grace Mendonça e Wagner Rosário explicaram o acordo de leniência da Andrade Gutierrez


A construtora Andrade Gutierrez, uma das empresas investigadas pela Operação Lava Jato, a assinou nesta terça-feira (18) o acordo de leniência com a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), se comprometendo a devolver R$ 1,49 bilhão à União.

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Com a assinatura do acordo, a Andrade Gutierrez poderá continuar prestando serviços ao poder público. Além disso, os órgãos vão extinguir os processos administrativos de responsabilidade e os processos de improbidade administrativa contra a empresa. Em contrapartida, a construtora pagará R$ 1,49 bilhão ao longo dos próximos 16 anos. Corrigido pela taxa Selic, a cifra pode atingir cerca de R$ 3,6 bilhões ao fim do período.

Segundo a ministra da AGU Grace Mendonça, o acordo é resultado de uma negociação que se prolongou por dois anos devido à "extensão e profundidade" das ilicitudes que, segundo as investigações, apontam para o envolvimento de 250 pessoas físicas e 100 pessoas jurídicas, apenas no âmbito da Andrade Gutierrez.

"Este é um acordo em que trabalhamos bastante na perspectiva da reparação e conseguimos avançar bastante em termos de valores", disse a ministra, explicando que o novo acordo reconhece o termo de leniência que a construtora assinou com o Ministério Publico Federal (MPF), em 2016.

O acordo com o MPF prevê a restituição de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, quantia a ser dividida entre os vários entes prejudicados nas esferas federal e municipais.

De acordo com Grace Mendonça, qualquer quantia que a empresa tenha pago no âmbito do acordo com o MPF para reparar os danos a entes federais será descontado do R$ 1,49 bilhão agora acordado com a CGU e com a AGU.

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Dos R$ 1,49 bilhão que a empresa se compromete a restituir, R$ 875 milhões correspondem a lucros que a construtora obteve indevidamente; R$ 328 milhões são referentes à restituição de propinas e R$ 286 milhões em multas administrativas.

Os recursos devolvidos serão integralmente destinados aos entes federais lesados, principalmente a Petrobras. De acordo com o ministro da CGU, Wagner Rosário, as investigações da Lava Jato ainda devem resultar em medidas judiciais contra as pessoas jurídicas e físicas envolvidas no esquema.

"Vamos ter que investigar e abrir processos. Seja processo de improbidade, seja PAD contra servidores. Este é o início de um trabalho árduo para sancionarmos estas pessoas físicas e jurídicas", disse o ministro.

Em nota, a construtora informou que a assinatura do acordo de leniência reafirma a postura de colaboração que a empresa adotou junto aos órgãos competentes, desde que firmou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), em fevereiro de 2016.

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"A companhia ressalta que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer e reparar fatos ocorridos no passado, incluindo o ressarcimento de danos. A empresa lembra que assumiu esse compromisso público com a sociedade ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país, e segue colaborando de maneira intensa com a Justiça".

 Este é o sexto acordo do tipo que a AGU e a CGU assinam com empresas investigados por desvios de recursos da União e de empresas estatais. Somados os acordos, as empresas Odebrecht, UTC Engenharia, Bilfinger, SBM Offshore, Mullen Lowe e FCB Brasil e Andrade Gutierrez se comprometem a devolver algo em torno de R$ 6,06 bilhões. Outras companhias continuam sendo investigadas.

*Com Agência Brasil

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