O futuro ministro da Justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, disse que "lamenta" ter sido o autor da sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção e lavagem, no âmbito do caso tríplex. Moro avaliou ainda que o petista "fez coisas boas" durante o seu mandato na Presidência.
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"Da minha parte, nada tenho contra o ex-presidente. Acho até lamentável que eu, infelizmente, tenha sido o autor da decisão que condenou uma figura pública que tem a sua popularidade e que fez até coisas boas durante sua gestão, mas também erradas", afirmou Sérgio Moro nessa quinta-feira (13), durante entrevista à TV Bandeirantes .
À frente da 13ª Vara Federal de Curitiba, Moro condenou Lula a 9 anos e meio de prisão, pena que foi aumentada para 12 anos e 1 mês pelos desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4). O ex-presidente está preso desde abril, na sede da Polícia Federal em Curitiba.
"Nenhum juiz criminal tem prazer em prender ou condenar. No fundo, faz parte do trabalho. Isso, no fundo, não é um bônus para mim, é um ônus. Mas o fiz cumprindo o meu dever", completou.
Moro disse ainda que tratou o julgamento de forma impessoal e rechaçou acusações de ser parcial e "perseguir" somente um determinado grupo político, como afirmam seus críticos. O futuro ministro avalia que a Lava Jato atingiu representantes de vários partidos e que, como "estratégia de álibi de defesa", foi criada uma "fantasia de perseguição política" por parte do PT.
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"Essa alegação de que a Justiça foi parcial nesses casos ignora que, por desdobramentos da Lava Jato, vários outros personagens políticos da oposição também respondem a investigações e acusações sérias perante outros fóruns", disse.
Ele destacou políticos do PP, PTB e MDB e a condenação de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, pela Lava Jato. O ex-juiz também disse que não há muitos membros da oposição ao PT que são investigados na operação porque eles "não controlavam a Petrobras" durante o governo do partido.
Sobre sua nova função à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, Moro reafirmou que assumirá a pasta com o objetivo de combater a corrupção e a violência.
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Sérgio Moro negou, mais uma vez, que tenha entrado em contradição ao aceitar ao convite após já ter dito que "nunca entraria para a política". “Não me vejo ingressando na política partidária, sem nenhum demérito aos que ingressaram. Na minha visão, ainda sou um técnico que está indo para uma posição que tem um encargo político, mas para fazer um trabalho específico”, defendeu.