Sigilo do pedido de prisão de Pezão foi suspenso neste sábado (1º)
Tomaz Silva/ Agência Brasil
Sigilo do pedido de prisão de Pezão foi suspenso neste sábado (1º)


No começo da noite deste sábado (1º), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer suspendeu o sigilo do pedido de prisão do governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão (MDB) e permitiu que grampos telefônicos e bilhetes que citam o nome do político fossem revelados.

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O documento da Polícia federal revela duas conversas telefônicas de Pezão . Na primeira, um político liga para o governador e explica que Sérgio Cabral teria se recusado a passar por uma revista na penitenciária de Bangu e, por isso, poderia ser punido por isso. Na segunda, o político liga para o Diretor da penitenciária e pede para “aliviar” a situação de Cabral.

Nos documentos do pedido de prisão ainda aparecem bilhetes em que o nome e codinomes do comandante do Estado do Rio de Janeiro aparece diversas vezes ao lado de números. Segundo a denúncia do MPF, são provas de recebimento de propina mensais. No total, o político do MDB teria recebido cerca de R$ 2,2 milhões apenas nesses pagamentos.

Relembre como foi a prisão do governador Pezão

Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão foi preso na manhã de quarta-feira (28)
Agência Brasil/ Marcelo Sayão
Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão foi preso na manhã de quarta-feira (28)


O dia começou cedo para os policiais envolvidos na operação Boca de Lobo, para os jornalistas que acompanharam o caso e, é claro, para o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB).

Ele foi acordado às 6h da manhã desta quinta-feira (29) por agenda da Polícia Federal (PF) que foram até o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo fluminense, que fica no bairro de mesmo nome na Zona Sul da cidade, para cumprir o mandado de prisão preventiva emitido pelo juiz federal do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, a pedido da Procuradora-Geral da República (PGR), Raquel Dodge, contra o atual governador.

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A pedido do governador preso, os policiais permitiram que Pezão tomasse banho e café da manhã antes de deixar o local num carro de luxo da Polícia Federal "improvisado" de viatura por volta das 7h30. Às 7h50, o governador chegou à sede da superintendência da PF, já no Centro do Rio, onde passou pelo exame de corpo de delito e prestou depoimento.

Em entrevista coletiva, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a prisão do Pezão se deu antes mesmo do fim do mandato do governador porque havia "infrações criminosas muito graves" ocorrendo no Rio de Janeiro. Segundo ela, mesmo depois da prisão de outras tantas autoridades no Rio, o esquema criminoso no estado "não cessou".

 "Um dos crimes em curso é o de organização criminosa, continua atuando e especialmente a lavagem de dinheiro. A lavagem é o crime que se pratica após a corrupção e que consiste em ocultar onde o dinheiro está. Pelas informações, continua a ser feito", disse a procuradora-geral. 

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Na coletiva, Dodge reafirmou que o que chamou de "esquema criminoso" que atua no Rio se instalou "em diversas unidades públicas do estado". Segundo ela, "muitos já estão condenados e presos, mas percebeu-se que este esquema criminoso ainda não cessou".

"E é por essa razão, os infratores ainda praticarem esse crime, que chegou-se a necessidade de requerer prisão preventiva para a garantida da ordem pública", disse Dodge.

Dessa forma, a operação apelidada de Boca de Lobo, prendeu o quarto governador consecutivo do Rio de Janeiro. Além de Pezão, seus antecessores, Sérgio Cabral (MDB), Anthony Garotinho (PRP) e Rosinha Garotinho (PR) também foram presos – todos, porém, quando já não estavam mais em exercício do cargo, diferente de hoje.

Além do governador, outros oito alvos também foram presos na manhã desta quinta-feira, desde assessores a um sobrinho do político, entre eles:

·         José Iran Peixoto Júnior, secretário de Obras;

·         Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, secretário de Governo;

·         Luiz Carlos Vidal Barroso, servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, e

·         Marcelo Santos Amorim, sobrinho do governador.

Já do lado dos "corruptores", por assim dizer, também estão entre os alvos:

·         Cláudio Fernandes Vidal, sócio da J.R.O Pavimentação;

·         Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócio da J.R.O Pavimentação; além de

·         Luis Fernando Craveiro de Amorim; e

·         César Augusto Craveiro de Amorim, ambos sócios da High Control.

No total, só nesta operação, foram cumpridos 30 mandados nas cidades do Rio de Janeiro, Piraí, Juiz de Fora, Volta Redonda e Niterói. Além das prisões, o ministro Felix Fischer, autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a 11 pessoas físicas e jurídicas, incluindo no Palácio Guanabara, sede do governo do estado, bem como o sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões.

Batizada de Boca de Lobo, a operação é baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral. O ex-governador, de quem Pezão foi vice, também está preso.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Pezão não só fez parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral como também desenvolveu um mecanismo próprio de desvios quando seu antecessor deixou o poder.

Também segundo o próprio MPF, há provas documentais do pagamento em espécie a Pezão de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015. De acordo com á PF, ele cobrava até 8% de propina dos contratos do governo em benefício próprio.

De acordo com o MPF, o valor é incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita Federal.

Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, solto, o governador  Pezão  poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo o MPF, o esquema de corrupção ainda estava ativo.

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