O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) primeiro fugiu da pergunta e depois minimizou a decisão do Egito de cancelar a viagem oficial que uma comitiva brasileira faria ao país árabe entre os dias 7 e 12 de novembro após sua declaração ao jornal Israel Hayom de que vai transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
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Durante sua agenda de encontros e visitas a várias autoridades em Brasília (DF) nesta segunda-feira, Bolsonaro foi questionado pelo menos duas vezes sobre o episódio e teve reações distintas. Num primeiro momento, ao deixar uma reunião no Ministério da Defesa com o ministro general Joaquim Silva e Luna, Bolsonaro foi questionado sobre o que achava da decisão do Egito e não respondeu. “Não, outro assunto, outra pergunta ai”, disse antes de encerrar a entrevista coletiva antecipadamente.
Na sequência, chegando para reunião na sede da Marinha em Brasília, Bolsonaro novamente concedeu entrevista coletiva e foi questionado novamente sobre o que pensava a respeito da decisão egípcia como uma possível retaliação a sua declaração , ocasião na qual o presidente eleito respondeu que considerava "precipitada" uma possível retaliação por algo que ainda nem foi decidido, disse que não era uma questão de "orgulho nosso" e alegou que a justificativa oficial do Egito foi um "problema de agenda".
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Por conta da grande organização que se faz necessária em ocasiões como essa, cancelamentos com tão pouca antecedência não são comuns dentro do protocolo formal da diplomacia internacional.
Internamente, portanto, as autoridades brasileiras temem que a medida seja mesmo uma retaliação às declarações recentes do presidente eleito que desagradaram a comunidade árabe. Essa hipótese, inclusive, ganhou mais força depois que a Liga dos Países Árabes enviou uma nota à embaixada brasileira no Cairo, capital do Egito, condenando as palavras de Bolsonaro.
Dentro da equipe de transição de Bolsonaro, por sua vez, o mal-estar gerado tanto por essa como por outras declarações do próprio presidente eleito e de outros integrantes de sua equipe como é o caso do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, criou uma certa urgência para a definição do nome que ocupará o ministério das Relações Exteriores, que ajudaria a unificar o discurso da equipe e sucederia o atual ministro Aloysio Nunes Ferreira.
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Sobre essa definição, Bolsonaro afirmou na mesma entrevista coletiva que pretende definir esse e outros três nomes para os ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Defesa até o fim da semana e que o futuro novo ministro das Relações Exteriores será alguém da área e "não será um general".