O crime que deixou uma travesti assassinada na região do Largo do Arouche, no centro da capital paulista, é investigado pelo 3º Distrito Policial de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) fez a perícia no local do crime onde começaram as agressões. Há indícios de que a morte tenha sido provocada por intolerância política e divergências ideológicas.
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A SSP não informou se crime de ódio ou homicídio relacionado a brigas políticas são linhas de investigação do caso. Testemunhas disseram ter ouvido os agressores gritarem palavras em apoio ao candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, após abandonarem na rua o corpo da travesti assassinada . O caso ocorreu na madrugada de terça (16).
“Eu ouvi uma briga, gritos de xingamento. Vários gritos de agressão contra a identidade travesti da vítima. E também um que ficou muito claro na minha cabeça: que ‘v...’ tem que morrer. Bolsonaro era citado algumas vezes durante essa gritaria”, relatou um morador dos prédios da região.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, são ouvidas testemunhas e feitas diligências para localizar imagens de câmeras de segurança que possam identificar os autores do crime. A testemunha disse que a vítima ainda não foi identificada por causa dos ferimentos e também pela ausência de documentos.
“ONGs [organizações não governamentais] estão indo lá no IML [Instituto Médico Legal] para ver se é alguém que tenha passado por atendimento. È muito comum travestis serem enterradas como indigente.”
Uma funcionária do Hotel San Raphael, localização no Largo do Arouche, disse que a vítima chegou cambaleando sozinha até a porta do edifício. Contou ainda que ela estava machucada em decorrência de golpes a facada na cabeça e no rosto.
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A morte de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) cresceu 30% em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado em janeiro.
Foram registrados 445 mortes motivadas por homofobia no ano passado. O monitoramento anual é feito há 38 anos. A pesquisa da GGB mostra também que 56% dos episódios ocorreram em vias públicas e que a prática mais comum com travestis é o assassinato na rua a tiros ou por espancamento.
A Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania condenou cinco jovens acusados de agressões por discriminação homofóbica, ocorrida na Avenida Paulista, em 2010. Cada um deles foi condenado a pagar uma multa de 1 mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps) - o que corresponde a R$ 25,7 mil.
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Como no caso recente da travesti assassinada , na madrugada de 14 de novembro de 2010, cinco jovens protagonizaram cenas de violência por discriminação homofóbica. Em uma delas, um rapaz foi agredido violentamente em seu rosto com bastões de lâmpada fluorescente, além de ter sofrido ataques com socos e chutes.
* Com Agência Brasil