
O perfil dos candidatos que concorrem aos cargos de presidente, senador, governador, deputado federal e estadual na eleição do próximo domingo (7) é similar ao visto em pleitos anteriores – só com algumas peculiaridades.
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O perfil dos candidatos é, majoritariamente, de empresários, advogados e candidatos que se declaram somente como 'deputado', sem descrição de formação ou atividades profissionais. Os homens seguem como maioria absoluta, registrando cerca de 70% do total de 29.090 candidaturas para todos os cargos pelo País.
Pela legislação, estabelecida em 1995, ao menos 30% dos candidatos devem ser do sexo feminino nas disputas aos cargos proporcionais – deputados e vereadores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registra 30,7% de mulheres para os cargos de deputado estadual e 31,59% para os de deputado federal. Para os cargos em que não há exigência de candidaturas femininas, a presença é substancialmente menor.
Em ranking sobre participação feminina em parlamentos divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em março deste ano, o Brasil aparece na 152ª posição em uma lista de 190 países. Segundo o instituto, apesar de o Brasil ter legislação que prevê participação feminina mínima nas eleições há mais de 20 anos, o cumprimento da norma passou a ser efetivamente obrigatório somente em 2009. Além do máximo de 70% de homens, a mesma proporção segue para candidaturas de cada partido ou coligação partidária.
Ruanda, país africano com pouco mais de 11 milhões de habitantes e que traz na história recente fortes marcas de um genocídio ocorrido há cerca de duas décadas, lidera o ranking, com 63,8% da 'câmara baixa' composta por mulheres e quase 40% no Senado.
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O aumento da violência no Brasil, somado ao contexto de polarização e autoritarismo vivido, faz com que candidaturas de militares e líderes religiosos aumente. As chamadas bancadas da bala e religiosa (que sinalizam apoio ao candidato do PSL à Presidência ) tendem a aumentar no Congresso.
Por outro lado, há perfis fora desse espectro: 47 candidatos são artesãos; 24, empregadas domésticas; 20, ambulantes e feirantes; 9, catadores de recicláveis; 2, bailarinos; e 1 astrólogo tentam se eleger no próximo domingo.
Em São Paulo, iniciativas como a candidatura coletiva de nove pessoas para o cargo de deputado estadual, lançada pelo PSOL sob o nome de 'Bancada Ativista', pretende quebrar esse padrão de candidaturas .
Perfil dos candidatos à Presidência

- Álvaro Dias (Podemos) – Deputado estadual, deputado federal, governador e senador. Possui 42 anos de vida pública e já esteve em 7 diferentes partidos;
- Cabo Daciolo (Patriota) – Sargento licenciado do corpo de bombeiros e deputado federal pelo Rio de Janeiro. Está em seu segundo partido, após ser expulso do PSOL.
- Ciro Gomes (PDT) – Ministro da Fazenda e da Integração Nacional, deputado federal, prefeito de Fortaleza e Governador do Ceará. Concorre ao cargo pela terceira vez;
- Fernando Haddad (PT) – Ministro da Educação de Lula e Dilma Rousseff, professor de ciência política da USP e um dos fundadores do ProUni, foi prefeito de São Paulo entre 2012 e 2016. É o indicado pelo presidente Lula e o partido dos trabalhadores ao cargo ;
- Geraldo Alckmin (PSDB) – Na vida pública desde 1972, quando foi eleito vereador em sua cidade, Pindamonhangaba. Posteriormente, foi prefeito da cidade, deputado estadual e federal e governador do Estado de São Paulo por três mandatos;
- Guilherme Boulos (PSOL) – Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e professor, disputa pela primeira vez um cargo público;
- Henrique Meirelles (MDB) – Fez carreira no mercado financeiro e foi deputado federal, presidente do Banco Central, ministro da Fazenda de Michel Temer e concorre à Presidência da República pela primeira vez;
- Jair Bolsonaro (PSL) – Militar, vereador e deputado federal pelo Rio de Janeiro, está em seu sétimo mandato na Câmara dos Deputados. Concorre pela primeira vez ao Planalto e lidera as pesquisas de intenções de votos ;
- João Amoêdo (Novo) – Foi vice-presidente do Unibanco, diretor executivo do BBA e integrante do conselho administrativo do Itaú. Fez carreira no setor financeiro, participou da criação de seu partido em 2011 e concorre a um cargo público pela primeira vez;
- João Goulart Filho (PPL) – Filho do presidente deposto pelo golpe militar de 1964, João Goulart, foi deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e, pela primeira vez, é postulante ao cargo outrora ocupado pelo pai;
- José Maria Eymael (DC) – Eymael (o democrata cristão) foi deputado federal por dois anos, atuando na Constituinte de 1988. Concorre ao posto pela quinta vez;
- Marina Silva (Rede) - Reconhecida pela defesa do meio ambiente, foi vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente no governo Lula. Concorre pela terceira vez seguida ao cargo;
- Vera Lúcia (PSTU) - Expulsa do PT em 1992, ajudou a criar o seu partido atual em 1994. Nunca assumiu cargos eletivos e, pela primeira vez, concorre à Presidência.
A eleição está marcada para o próximo domingo e, no dia da eleição, só é permitida manifestação individual e silenciosa, sendo vedada qualquer mobilização coletiva e uso de veículos para divulgar jingles. Os comícios de encerramento das campanhas, excepcionalmente em virtude do pleito eleitoral, podem correr até 2h da madrugada. A Justiça Eleitoral recomenda que o eleitor conheça o perfil dos candidatos para votar de modo consciente na urna eletrônica.