O Ministério Público Federal (MPF) apresentou, na noite desta quinta-feira (4), quatro denúncias referentes às investigações da Operação Cui Bono, que apura irregularidades em operações da Caixa Econômica Federal, cometidas em troca de pagamento de propina.
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De acordo com o MPF, entre os denunciados estão o ex-ministro de Michel Temer Geddel Vieira Lima, os ex-deputados e presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Além deles, a Operação Cui Bono traz denúncias contra o operador Lúcio Funaro e o ex-diretor da Caixa Fábio Cleto.
Segundo as investigações, o esquema funcionava em três núcleos: o grupo empresarial, o dos empregados públicos que operavam na Caixa e no FGTS e no grupo político de operadores financeiros.
A Cui Bono sustenta que Funaro teria repassado R$ 89,5 milhões a Eduardo Cunha , R$ 17,9 milhões a Geddel Vieira Lima e R$ 6,7 milhões a Henrique Alves. A propina paga pelas empresa era de 3% do valor total liberado pela Caixa. Em seu acordo de colaboração com o MPF, Funaro afirmou que a distribuição desse porcentual girava em torno de 50% para Geddel, 30% para Cunha e 20% para ele.
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Os denunciados são acusados pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Os procuradores pedem multa e reparação de danos que já ultrapassam os R$ 3 bilhões.
Segundo o órgão, com a investigação "foi possível desvendar o esquema utilizado por Funaro para ocultar, dissimular e distribuir a propina, com participação de outros operadores, cujo papel era levar valores em espécie o grupo de políticos". Em outras ocasiões, os pagamentos eram feitos por meio de notas fiscais frias emitidas pelas empresas ligada ao grupo criminoso.
Ainda em sua delação, Funaro afirmou "com 110% de certeza" que o presidente Michel Temer recebia parte da propina arrecadada por Cunha. As declarações de Funaro constam nos anexos da denúncia oferecida pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot contra Temer e o chamado "quadrilhão do PMDB na Câmara" na Operação Cui Bono .