A Justiça Federal condenou o deputado federal Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral , por improbidade administrativa por visitar seu pai no presídio de Bangu 8 por 23 vezes em dias e horários não permitidos, com a prerrogativa de ser deputado federal. Atualmente, o filho de Cabral é candidato à reeleição no mesmo cargo pelo MDB.
O juiz Federal Ricardo Levy Martins, da 11ª Vara Federal do Rio de Janeiro, decidiu condenar o filho de Cabral à perda da função pública, à proibição de contratar com a Administração Pública por três anos e ao pagamento de multa de R$ 337 mil. A ação foi movida pelo Ministério Público Federal do Rio.
De acordo com a decisão, em 11 das visitas feitas ao pai, o deputado sequer estava exercendo o mandato parlamentar, porque atuava na época como secretário Estadual de Esporte e Lazer.
"Não se deve perder de vista que o membro do Poder Legislativo, justamente por ser o principal formulador das leis, deveria ser um dos principais defensores da aplicação geral e despersonalizada das normas que produz", dizem um trecho da decisão do juiz.
Em nota, a assessoria de Marco Antônio afirmou que o candidato e filho do ex-governador não cometeu nenhum ato de improbidade, e que irá entrar na justiça contra o que chamou de 'abuso de autoridade'.
"A divulgação de uma suposta condenação que não está no processo, na véspera da eleição, tem o único objetivo de influenciar o processo eleitoral e demonstra clara perseguição política. O deputado federal afirma que não cometeu nenhum ato de improbidade e que irá tomar as medidas legais contra esse abuso de autoridade", lê-se na nota.
Leia também: Mansão de Sérgio Cabral em Mangaratiba é leiloada por R$ 6,4 milhões
Filho de Cabral divulga carta do pai
No último dia 17, o filho de Sérgio Cabral divulgou uma carta escrita pelo pai reconhecendo que "errou" e defendendo que seu filho "não pague por seus erros" na eleição de outubro.
A carta de Sérgio Cabral data de 7 de setembro. Condenado já em sete ações penais da Operação Lava Jato, com penas que somam 183 anos de prisão, o ex-governador afirma no texto que está lutando para não ser punido por crimes que não cometeu.
“A fé em Deus e o amor de nossa família tem sido as bases para superar e enfrentar a privação da liberdade", diz Cabral, que está preso já há quase dois anos. "Mas a vida é uma benção. Nos altos e baixos devemos refletir sobre nossos erros e acertos. Na Justiça, luto com a minha defesa para não ser punido pelo que não fiz e assumir os erros que, infelizmente, cometi", continua o emedebista.
Assumindo o papel de cabo eleitoral, o ex-governador exalta a carreira política de Marco Antônio e faz apelo para que os eleitores não "punam" o filho de Cabral nas urnas por conta dos erros do pai.