O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou os discursos que têm comparado, nos últimos tempos, o Partido dos Trabalhadores a uma legenda extremista. Segundo ele, o País está muito perto de decidir entre dois projetos: "o que promove o desenvolvimento e aquele para tornar os ricos mais ricos" e, dizendo que seria o PT extremista, a imprensa e os candidatos dos demais partidos estariam 'falseando o que está realmente em jogo'.
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"Vejo lideranças políticas e analistas da imprensa dizerem que o Brasil estaria dividido entre dois polos ideológicos. E que o país deveria buscar uma opção 'de centro', como se a opção pelo PT fosse 'extremista'", diz Lula. "Além de falsa e, em certos casos, hipócrita, [a narrativa que diz que seria o PT extremista ] é uma leitura oportunista, que visa confundir o eleitor e falsear o que está realmente em jogo".
As declarações de Lula vieram ao público por meio de uma carta, que foi publicada em formato de artigo no Jornal do Brasil, nesta segunda-feira (1º). Em seu texto, o ex-presidente diz que sua candidatura foi cassada "para impedir a livre expressão popular", reforça a tese de que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe parlamentar e acusa seus responsáveis de, agora, estarem em vias de apoiar o nome "da serpente fascista".
"São eles [os chamados golpistas] o outro polo nestas eleições, qualquer que seja o nome de seu candidato, inclusive aquele que não ousam dizer. Já atenderam pelo nome de Aécio Neves, esse mesmo que hoje querem esconder", diz. "Tentaram um animador de auditório, um justiceiro e um aventureiro; restou-lhes um candidato sem votos. O nome deles poderá vir a ser o da serpente fascista, chocada no ninho do ódio, da violência e da mentira", continuou.
Ainda falando dos dois projetos que estariam em jogo nessas eleições 2018, o ex-presidente Lula diz que um dos projetos "foi aprovado pela maioria nas quatro últimas eleições presidenciais" e o segundo "foi imposto por um golpe parlamentar e midiático travestido de impeachment".
"Esta é a verdadeira disputa nas eleições de 7 de outubro. Foi por essa razão que meu nome cresceu nas pesquisas, pois o povo compreendeu que o modelo imposto pelo golpe está errado e precisa mudar", afirmou, lembrando o nome do candidato Fernando Haddad como opção aos seus apoiadores.
O ex-presidente disse ainda que o PT só seria 'extremista' contra as misérias da sociedade. "O PT polarizou, sim: contra a fome, a miséria, a injustiça social, a desigualdade, o atraso, o desemprego, o latifúndio, o preconceito, a discriminação, a submissão do país às oligarquias, ao capital financeiro e aos interesses estrangeiros", disse.
"O povo brasileiro não tem nenhuma dúvida sobre de que lado o PT sempre esteve, seja na oposição ou seja nos anos em que governamos o País. A sociedade não tem nenhuma dúvida quanto ao compromisso do PT com a democracia. Nascemos lutando por ela, quando a ditadura impunha a tortura, o arrocho dos salários e a perseguição aos trabalhadores", afirmou.
"Foram eles que criaram essa ameaça à democracia e à civilização. Assumam a responsabilidade pelo que fizeram contra o povo, contra os trabalhadores, a democracia e a soberania nacional. Mas não venham pregar uma alternativa eleitoral 'ao centro', como se não fossem os responsáveis, em conluio com a Rede Globo, pelo despertar da barbárie", continuou.
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Por fim, o ex-presidente denunciou ainda que "quem flerta com a barbárie cultiva o extremismo. Quem luta contra ela nada tem de extremista", fazendo um paralelo entre o seu partido e outros, reafirmando que não concorda com a hipótese de ser o PT extremista . E encerrou: "estou certo de que a democracia será vitoriosa"