O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, defendeu seu economista, Paulo Guedes, e lamentou críticas recebidas do também candidato Geraldo Alckmin (PSDB) em sua primeira entrevista concedida após o ataque a faca sofrido em ato de sua campanha
no último dia 6.
Ao jornal Folha de S.Paulo , Jair Bolsonaro garantiu que seu guru econômico "segue firme" em sua equipe apesar de polêmicas surgidas nesta semana – que renderam broncas a Paulo Guedes e o levaram a adotar a tática do silêncio . O economista causou mal-estar ao propor, no início desta semana, recriar um imposto semelhante à CPMF e implantar uma alíquota única de 20% para o imposto de renda.
"Olha, ele [ Paulo Guedes ] não tem experiência política. O cara dá uma palestra de uma hora, fala uma coisa por segundos e a imprensa cai de porrada nele", lamentou o candidato na conversa com a Folha , realizada por telefone. "Se ele usa a palavra IVA (Imposto de Valor Agregado) e não CPMF, não tem confusão nenhuma. Parece uma boa ideia. A alíquota única do IR é uma boa ideia", acrescentou.
Sobre os rumos da disputa eleitoral, em que ele aparece nas pesquisas de intenções de voto como líder, Bolsonaro se disse alvo de "covardia" de Geraldo Alckmin. Para o ex-capitão do Exército, o tucano promove um "festival de baixaria" ao atacá-lo em entrevistas e programas de sua campanha.
"Vejo com muita tristeza o Geraldo Alckmin , uma pessoa em quem eu já votei. Ele pegou pesado. Eu não esperava isso dele, mas a verdade é que ele não é diferente do PT", disse. "Não tenho tempo para rebater esse festival de baixaria. Podia perguntar da merenda, da obra do Rodoanel, da Odebrecht", afirmou Bolsonaro, referindo-se a denúncias contra a gestão de Alckmin no Governo de São Paulo.
"Estou aqui por um milagre", diz Jair Bolsonaro
O presidenciável do PSL também falou sobre sua recuperação após as duas cirurgias a que foi submetido por conta da facada recebida durante comício realizado no dia 6 em Juiz de Fora (MG). Bolsonaro disse esperar receber alta do hospital Albert Einstein "nos próximos dias", mas afastou a possibilidade de participar de debates antes da realização do primeiro turno da eleição. A possibilidade havia sido ventilada por um dos filhos do candidato , Eduardo Bolsonaro.
"Eu cumpro rigorosamente as ordens médicas. É impossível eu ir para a rua ou participar de debates antes do primeiro turno. Vou fazer participações pela internet", afirmou o candidato, que disse ainda que só está vivo após o ataque cometido por Adelio Bispo de Oliveira "por um milagre". "Foi barra pesada. Eu quase morri, estou aqui por um milagre. Mas estou bem, meu bom humor voltou."
Questionado sobre polêmicas envolvendo seu candidato a vice, general Hamilton Mourão, Jair Bolsonaro preferiu não se pronunciar. Mourão foi alvo de críticas ao dizer, também no início desta semana, que casas de famílias "só com mãe ou só com avó" são "fábricas de desajustados" .