Candidato do PSDB nas eleições
presidenciais, Geraldo Alckmin foi o entrevistado desta terça-feira no "Jornal da Globo". Estagnado nas pesquisas
, sendo apenas o quarto preferido dos eleitores, apesar do maior tempo de propaganda na televisão, o tucano surpreendeu e abaixou o tom durante a sabatina, se focando mais nas suas propostas para o governo do que nos adversários.
Entrevistado pela jornalista Renata Lo Prete, Alckmin
falou sobre seus projetos para a economia, planos para reformas, educação e respondeu sobre os casos de corrupção envolvendo o PSDB. Ele ainda mostrou otimismo para ir ao segundo turno, mas teve tempo para alfinetar os governos do PT e de Michel Temer.
A entrevista de Geraldo Alckmin
O primeiro assunto abordado pela entrevista foi a reforma da Previdência. O tucano disse que pretende fazer outras três reformas além da previdenciária: "Política, tributária e diminuir o tamanho do estado", disse. Ele ainda disse que o maior objetivo da reforma da Previdência é a "justiça" para todos os brasileiros. De acordo com o tucano, os trabalhadores do setor público são privilegiados em relação aos do setor privado.
O candidato ainda ressaltou que terá governabilidade para fazer as reformas: "O governo Temer não tem legitimidade para fazer as mudanças necessárias para o País. O novo governo, por sua vez, conseguirá aprovar essas medidas rapidamente", explicou.
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Questionado pela jornalista sobre a queda dos índices de educação nos anos finais de seu mandato como governador de São Paulo, Alckmin se defendeu utilizando os números de todo o seu período à frente do estado. "Durante nossa gestão, crescemos quase o dobro da média nacional", disse.
Sobre a queda dos índices nos últimos três anos, o ex-governador afirmou que, por conta da não computação das notas dos alunos das Etecs, o estado acaba sendo prejudicado. "São Paulo tem o melhor ensino técnico do País e como os alunos das Etecs fazem vestibulinhos, eles não participam do Enem", explicou.
Sobre seu plano em um eventual governo, Alckmin disse que seu foco será na educação infantil. "Meu plano é zerar a fila de crianças e não deixar nenhuma delas fora da educação primária. Essas crianças vão chegar ao ensino fundamental praticamente alfabetizadas", prometeu.
O próximo assunto foi segurança pública. Questionado sobre seu plano de fazer uma inteligência de segurança nacional, o tucano voltou a utilizar números do seu governo em São Paulo, dizendo que suas medidas ajudaram a salvar 10 mil vidas. "Nosso problema está nas fronteiras e na entrada de drogas. É preciso investir em inteligência", afirmou.
Sobre uma suposta inviabilidade de cumprir as promessas por conta da situação delicada da economia nacional, Alckmin criticou os governos anteriores. "O presidente precisa liderar no corte de gastos. Fizemos isso em São Paulo sem aumentar nenhum imposto. É necessário apertar o cinto de um lado e investir no que interessa, que é salvar vidas", disse.
Questionado sobre a estagnação nas pesquisas apesar de ter 40 vezes mais tempo de televisão que o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, o tucano mostrou otimismo. "Eu vou para o segundo turno. Uma parte do eleitorado do Bolsonaro tem medo do PT e acha que ele é o único que pode derrotá-lo. Mas isso é uma mentira. Ele é o passaporte para a volta do PT. Ele tem a maior rejeição, enquanto eu tenho uma das menores", analisou.
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"Eu quero ganhar a eleição e governar bem. É mentira dizer que vai mudar o Brasil sem fazer alianças", completou o candidato, que disse não se arrepender de seu acordo com partidos do "Centrão". Ele ainda aproveitou para alfinetar os adversários: "Fico preocupado de ver o Brasil pendendo para os extremos".
Sobre os casos de corrupção envolvendo políticos do PSDB como Beto Richa e Aécio Neves, além das próprias denúncias contra ele na Operação Lava Jato em casos como o do metrô e do Rodoanel, Alckmin se defendeu. "Não sou apenas ficha limpa, sou vida limpa. Moro no mesmo lugar há 30 anos, abri mão de aposentadoria como deputado federal. Todo mundo é obrigado a prestar contas à Justiça", disse.
"Todos os partidos estão fragilizados e o meu também, eu admito isso. O Beto Richa vai ter que se explicar. Eu pretendo inclusive, ser mais duro com a corrupção pública e inverter o ônus da prova para agentes públicos que não conseguirem comprovar a origem de seus bens", afirmou.
Perguntado sobre os erros do seu partido nos últimos anos, Geraldo Alckmin chegou a admitir falhas, mas aproveitou para alfinetar os governos de Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer "O PT é um partido sem limite, que deixou um legado de 13 milhões de desempregados. Não vão querer culpar o papel do PSDB enquanto posição por isso", disse. Sobre a entrada tucano no atual governo, o ex-governador foi categórico: "Se dependesse de mim, não tínhamos entrado no governo Temer e eu falei isso em reunião do partido, mas acabei sendo voto vencido", explicou.