Desempregado, agressor de Bolsonaro pagou adiantado por hospedagem confortável

Adelio Bispo de Oliveira pagou R$ 400 em pensão onde quartos custam a partir de R$ 290; PF apreendeu celulares e notebook e vai investigar ligações

Agressor de Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira foi transferido pela Polícia Federal neste sábado
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 7.9.18
Agressor de Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira foi transferido pela Polícia Federal neste sábado

Autor do ataque a faca contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira , que atualmente se encontrava desempregado, não zelou pela economia ao se hospedar, há cerca de duas semanas, numa pensão da região central de Juiz de Fora (MG). O agressor de Bolsonaro pagou R$ 400 adiantados por um quarto mais confortável que os demais oferecidos naquela hospedaria, cuja tabela de preços tem cômodos a partir de R$ 290.

No quarto onde o agressor de Bolsonaro ficou hospedado, a Polícia Federal apreendeu nessa sexta-feira (7) quatro celulares, um notebook e passagens de viagens. Os investigadores agora estão cruzando os destinos dos tíquetes com o roteiro da campanha do presidenciável do PSL. Outra etapa da investigação deve ser iniciada agora, uma vez que a Justiça autorizou a quebra de sigilo telefônico de Adelio Bispo. O sigilo bancário do agressor, no entanto, não foi derrubado.

Já é sabido que Adelio já se aproximou da família Bolsonaro ao menos em uma ocasião. Em julho, o homem de 40 anos de idade esteve no Clube de Tiro .38, em São José (SC), clube do qual dois filhos do presidenciável são sócios: Carlos e Eduardo Bolsonaro. Ao Jornal Nacional ( TV Globo ), uma porta-voz do estabelecimento disse que Adelio Bispo passou apenas meia hora praticando tiros no local e que os filhos do ex-capitão do Exército não estavam lá naquela data.

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Agressor de Bolsonaro tem quatro advogados em sua defesa

Preso em flagrante após esfaquear o candidato do PSL durante comício em Juiz de Fora, Adelio foi indiciado por prática de "atentado pessoal por inconformismo político" com base em artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Ele foi transferido nesta manhã para um presídio federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde permanecerá em isolamento.

Sua transferência para a unidade prisional federal foi determinada ontem pela juíza Patrícia Alencar.  Quatro advogados acompanharam Adelio  na audiência de custódia. Os defensores disseram a jornalistas que foram acionados por familiares do autor do ataque e também por integrantes do grupo religioso ao qual Adelio integra.

Um dos advogados que representa o agressor, Zanone Manoel de Oliveira Júnior, já  defendeu no passado o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que foi condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato, em 2010, da modelo Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno.

Ao ser preso, Adelio garantiu em depoimento "que não foi contratado por ninguém para atentar contra a vida do candidato" e que também "não recebeu o auxílio de ninguém para o intento criminoso". Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a Polícia Federal acredita que o agressor de Bolsonaro atuou como um "lobo solitário", mas ainda  investiga a participação de outras duas pessoas no crime.