O ferimento provocado por uma faca no deputado federal e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) fez com que ele perdesse 2,5 litros de sangue, o equivalente a 40% do volume sanguíneo de um ser humano médio.
Leia também: Bolsonaro está em estado "grave, mas estável", diz hospital após transferência
De acordo com as declarações divulgadas nesta sexta-feira (7) pela diretora técnica da Santa Casa, médica Eunice Dantas, Bolsonaro já entrou em estado de choque na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde foi levado após o ataque, e só pôde ser salvo por conta da rapidez no atendimento.
“O mais grave foi o comprometimento da veia, pelo sangramento de vulto. Ele perdeu em torno de 40% do volume de sangue do corpo. Um adulto do porte dele tem em torno de 5,5 litros de sangue circulando. Ele perdeu em torno de 2,5 litros. É muito grave. Ele poderia ter morrido. Ele chegou com pressão 8 por 4, chegou chocado [em estado de choque]”, relatou a médica.
Dantas relatou que, por questões de centímetros, a faca não feriu regiões mais sensíveis de Bolsonaro, o que poderia ter o levado a óbito.
“Havia veias mais calibrosas, artérias próximas, órgãos mais nobres. Qualquer mudança ali podia ser fatal para ele”, explicou a médica, que acompanhou o deputado desde o momento em que ele deu entrada no hospital.
Bolsonaro usará bolsa de colostomia por três meses
Eunice explicou que Bolsonaro terá que utilizar, por até três meses, uma bolsa ligada ao intestino, com objetivo de recolher o material fecal, até que o órgão esteja completamente cicatrizado e livre de qualquer possibilidade de infecção.
“Ele fez uma cirurgia aqui. A segunda será daqui a dois ou três meses, para a reconstituição do intestino grosso. Enquanto isso, ele vai utilizar uma bolsa para fora da barriga, por dois ou três meses. A colostomia não inviabiliza ninguém de fazer nada, é só questão de se acostumar com a bolsinha”, disse.
Ela aconselhou que Bolsonaro se abstenha de ir para as ruas fazer campanha pelas próximas semanas, na reta final do primeiro turno das eleições, a fim de facilitar sua recuperação.
“Três semanas é um período muito curto para uma cirurgia deste porte. Eu acho que a estratégia de campanha vai ter que ser adaptada às condições dele agora” justificou.
A médica estimou que Bolsonaro já poderá ter alta hospitalar entre sete a dez dias: “Se tudo correr bem, caso não haja intercorrência, tudo dentro do padrão, pode [ter alta]”, finalizou.
Leia também: Bolsonaro fala pela primeira vez após facada: 'A dor era insuportável'; assista
Atendimento foi feito rapidamente
Segundo Dantas, a prioridade imediata foi reverter o quadro de perda de sangue, estancando a hemorragia e fazendo uma transfusão, com o uso de quatro bolsas de sangue.
A diretora relatou ainda que, após a estabilização da pressão sanguínea, foi feita a intervenção na região do intestino, pois a perfuração por faca atingiu severamente o intestino grosso, que foi seccionado, com a necessidade de retirar 10 centímetros da área atingida.
A médica destacou que a intervenção cirúrgica foi de “grande porte”, mas que o paciente está com o quadro de saúde estável.
Sobre a transferência de Bolsonaro para o Hospital Albert Einstein , em São Paulo,ela disse que a decisão foi amplamente discutida com a família e a equipe médica que, diante do quadro de estabilidade clínica, concluiu que não havia risco.
A médica disse que o paciente está com sonda gástrica e oxigenado.
Em um vídeo divulgado pelo senador Magno Malta, que aparece orando pelo candidato, gravado na UTI da Santa Casa de Juiz de Fora, e divulgado em rede social, Bolsonaro diz que, ao ser esfaqueado, sentiu uma forte dor como se tivesse recebido uma bolada no estômago.
Leia também: Segundo suspeito por ataque contra Bolsonaro é detido em Minas Gerais
Jair Bolsonaro agradeceu aos médicos e enfermeiros que o atenderam na cidade mineira.
*Com informações da Agência Brasil