O presidente Michel Temer autorizou nesta terça-feira (28) o uso das Forças Armadas em Roraima para reforçar a segurança no estado. A medida foi anunciada durante um pronunciamento no Palácio do Planalto e ocorre dez dias depois do confronto entre brasileiros e venezuelanos em Pacaraima (RR).
O emprego das Forças Armadas será para garantir a lei e a ordem (GLO) em Roraima . De acordo com o presidente, o objetivo é oferecer segurança aos brasileiros e também aos imigrantes venezuelanos, que buscam apoio no Brasil.
“Tomei essa decisão para complementar as ações humanitárias que o governo federal promove há vários meses em Pacaraima e Boa Vista”, disse Michel Temer .
A fronteira do estado com a Venezuela é uma das áreas mais sensíveis do país e principal porta de entrada de imigrantes no território brasileiro.
De acordo com o ministro da Defesa, general Silva e Luna, não houve pedido da governadora do estado, Suely Campos, para edição desse decreto. A GLO, período em que os militares têm poder de polícia, terá validade de 29 de agosto até 12 de setembro. Ao final do período, será avaliada a continuidade ou não da medida.
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O efetivo utilizado será aquele que já atua na região. O emprego militar se dará em um perímetro que abrange as cidades de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela , e Boa Vista, que têm acolhido os migrantes que vão além de Pacaraima. O decreto deve ser publicado no Diário Oficial da União, na quarta-feira (29).
No último dia 18, um grupo de brasileiros armados com bombas caseiras e pedaços de paus se reuniram, na cidade de Pacaraima, para agredir os refugiados venezuelanos acampados nas ruas da cidade. As tendas dos refugiados venezuelanos foram incendiadas com álcool, e os protestantes lançaram bombas em direção ao acampamento. Centenas de imigrantes se encontravam na região.
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Governo culpa Maduro por situação em Roraima
Durante o pronunciamento, o presidente criticou o governo do presidente Nicolás Maduro por não "cuidar do seu povo” e, com isso, criar uma situação “trágica” em todo o continente. “A onda migratória em Roraima é resultado das péssimas condições de vida a que está submetido o povo venezuelano. É isso que cria essa trágica situação que afeta quase toda a América do Sul. O Brasil respeita a soberania dos estados, mas temos de lembrar que só é soberano um país que respeita e cuida do seu povo”.