'Rei do ônibus
Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
'Rei do ônibus", empresário Jacob Barata Filho chegou a ser preso, mas Gilmar Mendes, do STF, concedeu-lhe liberdade

Magnata conhecido no Rio de Janeiro como "Rei do ônibus", Jacob Barata Filho amitiu nesta sexta-feira (24) que as suas empresas de ônibus pagavam, mensalmente, R$ 6 milhões em propina a políticos do Rio. O objetivo era garantir apoio a projetos de interesse do setor e impedir que iniciativas contrárias pudessem prosperar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

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Barata Filho foi interrogado pelo juiz Marcelo Bretas, no âmbito da Operação Cadeia Velha. Segundo Barata, a propina era viabilizada através de pagamento de um percentual extra de 1% do faturamento das empresas de ônibus à Federação das Empresas Transportadoras de Passageiros (Fetranspor), que viabilizava o repasse da propina.

Parte deste valor era entregue, segundo Barata, ao presidente afastado da Alerj, deputado Jorge Picciani (MDB), que chegou a ser preso durante a operação, mas depois foi beneficiado a cumprir medidas cautelares em sua residência. Picciani é, também, um dos suspeito de ordenar o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Houve também, segundo ele, pagamento ao deputado Paulo Melo (MDB), que já ocupou a presidência da Alerj, e que atualmente está preso. No início do interrogatório, Barata disse a Bretas que abria mão de R$ 80 milhões seus, que já haviam sido bloqueados pela Justiça, ao longo da operação. Esta é a última audiência antes de Bretas anunciar sua sentença. 

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A defesa de Picciani, presente ao interrogatório, questionou se o valor comentado por Barata seria propina ou contribuição política por caixa dois, mas não obteve resposta, pois o juiz entendeu que o réu já havia respondido a isso. 

Na quinta-feira (23), o doleiro Álvaro Novis, colaborador em um acordo com o Ministério Público Federal, declarou ao juiz Bretas que o esquema de pagamentos ilícitos a partir de dinheiro recolhido de empresas de ônibus, que teria beneficiado, entre outras pessoas, os deputados estaduais Paulo Melo e Jorge Picciani, funcionava desde a década de 1990.

De acordo com ele, o total de pagamentos a todos os beneficiados pode chegar a R$ 1 bilhão até meados dos anos 2010, “em uma conta aproximada”.

Novis depôs como testemunha no processo e contou que fez pagamentos ilícitos aos deputados estaduais do MDB em nome da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) e da construtora Odebrecht. Segundo ele, os parlamentares chegaram a receber mais de uma vez por mês por meio do esquema.

O doleiro explicou que o esquema era abastecido pelo recolhimento de dinheiro na garagem de empresas de ônibus, por meio de empresas transportadoras de valores.

A partir das indicações do empresário, Novis pedia que os funcionários de sua corretora, a Hoya, disponibilizassem os pagamentos, que podiam ser feitos por eles mesmos ou pela transportadora de valores. Barata Filho , o "rei do ônibus" do Rio de Janeiro, seria outro dos integrantes do esquema. 

* Com informações da Agência Brasil

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