Aconteceu, na noite desta quinta-feira (16), o primeiro debate entre os candidatos ao governo de São Paulo nas eleições de 2018. Márcio França (PSB), Rodrigo Tavares (PRTB), Paulo Skaf (MDB), Marcelo Candido (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Marinho (PT) e Lisete Arelaro (PSOL) discutiram suas propostas para o governo de SP nos quatro blocos do debate da Band.
O formato do debate , adaptado do evento entre os candidatos à Presidência da República na última semana, mostrou falhas e deu oportunidade para os candidatos fugirem de perguntas para apresentarem propostas generalistas. O cerceamento do tema, no primeiro bloco, também não funcionou, deixando sessão repetitiva e cansativa.
Fábio Pannunzio, jornalista da Band , mediou o encontro entre os candidatos ao governo de São Paulo . No primeiro bloco, os candidatos, um tema único levantado em pesquisas de opinião foi discutido pelos pleiteantes ao cargo. No segundo bloco, jornalistas da Band formularam perguntas para os candidatos. No terceiro bloco, os candidatos fizeram perguntas entre eles e, no último, eles fizeram suas considerações finais.
Veja detalhes sobre como foi o debate
A primeira pergunta foi feita pelo mediador e tratou de segurança pública. Assim como no encontro presidencial realizado na semana passada, os candidatos preferiram se apresentar para o público antes de responder a questão, deixando pouco tempo para falar do assunto proposto.
Depois, iniciou-se a rodada de perguntas entre os candidatos, que foram limitados a falar sobre o tema saúde. Marcelo Candido questionou Doria sobre segurança alimentar. O ex-prefeito da capital paulista ignorou o assunto e apontou medidas de sucesso em sua gestão e que pretende repetir do governo. "Vamos expandir o 'Dr. Saúde', plano que implementamos na capital, e o 'Corujão da Saúde'", disse.
Na réplica, Candido atacou o tucano e seu programa de alimentação nas escolas públicas. "As crianças de São Paulo perderam o direito, na gestão Doria , de receber alimento saudável nas escolas. Em troca, ele ofereceu a 'farinata' - ração humana - para as crianças nas escolas". Doria se defendeu, e afirmou que a farinata era apenas um complemento na alimentação e não um substituto.
O candidato do PSDB foi o próximo a perguntar, e questionou Luiz Marinho sobre a falta de medicamentos durante a gestão do petista em São Bernardo. Marinho negou o problema, e disse que reestruturou o sistema de saúde da cidade. "Em São Bernardo, fizemos um grande hospital das clínicas. Vamos fazer uma revolução na saúde em SP", prometeu.
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Depois, Paulo Skaf questionou Márcio França sobre o sistema integrado de saúde. O atual governador admitiu que o problema é complexo e que muitas pessoas de fora vem se tratar no estado de São Paulo, mas prometeu zerar a fila de exames em seis meses.
Skaf seguiu nos holofotes, ao ser questionado por Luiz Marinho sobre os cortes na saúde feitos pelo presidente Michel Temer, colega de partido do ex-presidente FIESP. Skaf ignorou o questionamento e apresentou suas propostas para unificação da saúde no estado.
"Basta de falar de coisas do passado. O meu interesse é no futuro. Precisamos é fazer com que todas as regiões do estado as pessoas sejam bem atendidas e respeitadas", analisou.
Márcio França e Doria discutiram sobre o fechamento de unidades de saúde feito na gestão do ex-prefeito de São Paulo. O tucano reconheceu o erro e admitiu que pode rever seus projetos. "Fizemos sim uma readequação nas unidades de saúde. Mas o que não funciona bem tem que ser revisto. Não temos compromisso com o que deu errado, e por isso voltamos atrás nessa decisão", disse.
No segundo bloco, os jornalistas fizeram perguntas e escolheram dois candidatos, um para responder e outro para fazer um comentário. Paulo Skaf respondeu sobre como otimizar o transporte público na capital: "É necessário investir, acelerar o planejamento, evoluir as linhas, e aumentar as conexões do metrô. Pra isso, temos que revitalizar as linhas e fazer mais manutenção nos trens".
Márcio França disse que o passageiro deveria ser indenizado pelas falhas no sistema de transporte, citando um projeto enviado por ele para a Assembleia Legislativa
João Doria foi o próximo a responder. Desta vez, sobre o perigo de uma nova crise hídrica. Ele elogiou o colega de partido, Geraldo Alckmin e afirmou que pretende continuar as obras iniciadas pelo ex-governador. Skaf também falou sobre o assunto, citando um projeto para diminuir o desperdício da captação da Sabesp.
Quando o assunto foi educação, Luiz Marinho prometeu que vai dobrar o salário dos professores do estado de São Paulo e ainda falou sobre uma reformulação no sistema educacional. “Educação, trabalho, cultura e esporte será o grande norte do meu governo. Combinados, em período integral, de forma a resolver o atraso de aprendizagem", disse.
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Na pergunta mais exótica da noite, um jornalista perguntou para Márcio França sobre o controle da população de javalis no estado. O atual governador disse que não proibiu a caça sozinho, mas condenou a prática: "Temos que manter controle, claro, mas não pode ser como se fosse um esporte".
No comentário, Doria deu a entender que o adversário "mudou de ideia". Em sua tréplica, Márcio França endureceu o discurso e atacou o tucano. "Quem muda de ideia é você, que prometeu para mim e para todos os paulistanos que não abandonaria o mandato, mas você traiu seus amigos e traiu o povo", disse o atual governador. Doria entrou com um pedido de direito de resposta, mas teve sua solicitação negada pela mesa.
Na pergunta final do bloco, Marcelo Candido e Luiz Marinho foram questionados sobre o projeto que aumentou o teto do funcionalismo público no estado. O candidato do PDT se mostrou contrário a medida e ainda propôs uma reforma tributária no estado. O petista optou por atacar o auxílio moradia para juízes.
Já no terceiro bloco, os candidatos puderam fazer perguntas entre eles, com todos os temas liberados. Skaf foi o primeiro e questionou Marcelo Candido sobre a má qualidade da educação pública no estado. O pedetista criticou o sistema educacional e o governo do PSDB. O estado tem sofrido um desmonte do sistema educacional.
"Os professores são mal remunerados e mal formados, as escolas estão deterioradas. E isso é resultado de 24 anos de gestão do partido de João Doria", disse. Em sua réplica Skaf voltou a prometer uma "reestruturação", desta vez na área educacional.
Depois, Luiz Marinho perguntou para João Doria sobre sua suposta rejeição com o eleitor, e o tucano subiu o tom. "Se eu estivesse tão mal assim, não estaria liderando as pesquisas, enquanto o senhor está la embaixo", disse. O ex-prefeito de São Paulo ainda afirmou que o petista é réu.
A discussão seguiu e o petista relembrou casos de corrupção envolvendo o PSDB, citando nomes como Paulo "Preto" e Lawrence Casagrande. Na tréplica, Doria relembrou das prisões do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu.
Depois da discussão quente, foi a vez de Paulo França alfinitar Paulo Skaf, perguntando para ex-colega de partido se ele está feliz com a mudança para o MDB, mas o candidato fugiu. "A imagem de todos os partidos está muito ruim. Precisamos virar essa página e fortalecer a democracia no País", afirmou.
Não contente com a resposta, França perguntou se Skaf considerava o presidente Michel Temer um homem honrado e que merece confiança. O emedebista, novamente, não respondeu.
João Doria seguiu no assunto corrupção, e perguntou para Rodrigo Tavares sobre os casos de corrupção envolvendo o PRTB. O candidato disse que não "pode julgar ninguém antes da Justiça", mas que pessoalmente não é acusada de nada. O tucano concordou.
Nas perguntas seguintes, Márcio França chamou os adversários de pessimistas e disse que acredita no trabalho que vem fazendo. Luiz Marinho, por sua vez, defendeu a candidatura de Lula ao cargo de presidente e atacou Jair Bolsonaro.
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No bloco final do debate, os candidatos fizeram suas considerações finais. Luiz Marinho usou seu tempo para acusar João Doria e o PSDB e exalta Lula. O tucano, por sua vez, chamou o adversário de desrespeitoso e defendeu Alckmin. Márcio França adotou um tom mais ameno e agradeceu seus companheiros de chapa, Marcelo Candido optou por relembrar sua trajetória na vida pública e Paulo Skaf exaltou o sucesso do SESI.