O presidente Michel Temer assinou neste sábado (26) um decreto que autoriza as Forças Armadas e autoridades envolvidas nas ações de desbloqueio de rodovias a requisitarem servidores públicos para conduzirem os caminhões de grevistas.
A medida chancelada por Temer prevê que funcionários públicos e militares das Forças Armadas com habilitação para dirigir caminhões poderão assumir a condução de veículos que estão parados devido à greve dos caminhoneiros – que entrou hoje em seu sexto dia .
O decreto assinado nesta tarde se soma a uma série de investidas do governo para encerrar a paralisação que provocou crise de desabastecimento e afetou diversos serviços em todo o País ao longo da semana. Ainda nessa sexta-feira (25), diante do descumprimento do acordo firmado entre o governo e lideranças de caminhoneiros pela suspensão da greve por 15 dias, Temer convocou as Forças Armadas e forças federais de segurança para liberar rodovias interditadas pelos grevistas.
A cúpula do governo esteve reunida neste sábado em Brasília para discutir os próximos passos a serem dados e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, anunciou que a União passou a aplicar multa de R$ 100 mil por hora para as transportadoras engajadas na paralisação dos caminhoneiros. Marun informou também que o governo tem "convicção" de que há locaute – prática criminosa – e que a Polícia Federal já pediu a prisão de pessoas envolvidas com a greve.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) já aplicou um total de 349 multas por obstrução de via desde a última terça-feira (22). As punições, somadas, chegam à cifra de R$ 1,7 milhão. Entidades como a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam) e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) disseram, no entanto, não terem sido notificadas sobre essas multas, conforme informou a Agência Brasil .
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Governo alerta para consequências da greve na área da saúde
Uma nova reunião do governo foi convocada para o fim desta tarde para discutir o balanço das ações colocadas em prática. O Planalto passou a investir num tema caro à população para tentar desmobilizar os caminhoneiros que seguem em greve: a saúde. O tema foi abordado por Marun em pronunciamento feito ao meio-dia e passou a estampar mensagens nas redes sociais oficiais do governo.
De acordo com o Planalto, a greve e bloqueios de rodovias impossibilitou a entrega de equipamentos de uso contínuo para pacientes crônicos, transplantados, oncológicos e antirretrovirais no Rio Grande do Sul.
"Prejuízos financeiros o País até recupera, mas não podemos deixar as pessoas morrerem. A paralisação das estradas afeta o funcionamento de serviços de saúde. Já há relatos de cancelamento de cirurgias eletivas, riscos na realização de transplantes e restrições de atendimento nas unidades de saúde", escreveu o governo no perfil do Planalto no Twitter.
"Algumas áreas do Brasil dependem do transporte aéreo para realização de cirurgias de transplante de órgãos. A falta de combustível para aviões afeta os procedimentos – fundamentais para salvar vidas – na região Norte. Os profissionais de saúde não conseguem chegar aos postos de trabalho, tanto pela falta de combustível em veículos próprios, quanto pelos bloqueios nas vias e rodovias e das limitações dos transportes públicos", reforçou.
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