“Não houve golpe de Estado, houve desejo de centralização”, diz Temer sobre 64

Presidente fez pequeno histórico sobre "centralização do poder" no País durante evento na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SP

Segundo Michel Temer,  população queria um governo de 'maior poder central'
Foto: Reprodução/TVNBR
Segundo Michel Temer, população queria um governo de 'maior poder central'

O presidente Michel Temer (MDB) declarou nesta segunda-feira (26) que “não houve golpe de Estado, houve desejo de centralização” em referência a ditadura militar de 1964 no Brasil. Segundo o presidente, a ideia de que não houve golpe de Estado no País é “interessante”, pois a população queria um governo de "maior poder central".

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“Em [19]64 novamente o povo se regozijou, porque, novamente, uma centralização absoluta do poder que, mais uma vez, durou de [19]64 a [19]88. É interessante quando se diz 'ah, mas não houve golpe de Estado. Houve um desejo de centralização'. A ideia do povo era de que deveria haver uma concentração do poder, como houve nesse período todo", afirmou Michel Temer durante em encontro com empresários e políticos na diretoria da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) de São Paulo.

Temer fez um pequeno histórico sobre a “centralização do poder” no país, ressaltou a importância de os Estados serem fortes e disse que o Brasil tem "federação um pouco capenga".

Ele disse ainda que a tendência de centralização da União é histórica, desde a época das capitanias hereditárias, e citou conflitos no País até 1930. Depois, comentou a centralização do governo federal de 1930 até 1945, sob o comando de Getúlio Vargas. Temer explicou que devido à conjuntura internacional da época com a queda de regimes ditatoriais na Europa, o Brasil também viu cair o governo centralizador. De 1945 a 1964, o país viveu relativa estabilidade sem tanta concentração de poder.

"Fiz esse breve relato para revelar que havia uma dissonância, discordância, distância muito grande entre a Constituição formal, ou seja, aquilo que está escrito, e aquilo que acontece ou acontecia na vida do Estado", afirmou, ao acrescentar que somente a partir da Carta Magna de 1988 que se instalou um governo mais participativo. Para Temer, o Brasil sempre considerou o Legislativo como um apêndice do Executivo, mas o pensamento foi quebrado em sua gestão por meio do diálogo.

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Balanço de governo

Durante o discurso na FecomercioSP e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Temer fez um balanço do seu governo e exaltou o atual momento do país. O presidente citou a aprovação do teto para os gastos públicos, a reforma do ensino médio, a repactuação da dívida dos estados, a recuperação das empresas estatais, a moralização das estatais, a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, a aprovação da reforma trabalhista e da lei da terceirização, entre outros. E disse que o país tem diminuído seu déficit, que hoje está na casa dos R$ 139 bilhões. “Isso se chama responsabilidade fiscal”.

Temer falou também sobre a área social e da manutenção do programa Bolsa Família. “Mantivemos o Bolsa Família, que há mais de dois anos e meio não tinha aumento. E demos aumento. Mas o interessante na nossa concepção é que ele é um programa assistencial legítimo no presente momento, mas não pode ser eterno. É claro que esse há de ser um programa passageiro. Por isso adicionamos outro programa, o Progredir, onde se passa a empregar os filhos dos desfrutantes do Bolsa Família. Com isso eles progridem e a progressão vai dar a verdadeira inclusão”.

Segundo o presidente, seu projeto para o país foi possível por meio de “intenso diálogo com o Congresso Nacional e a sociedade”. 

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De acordo com Michel Temer, o Brasil precisa voltar a ser otimista. “Não temos razão para pessimismo. Temos razão para o otimismo. Vamos pegar o otimismo do país. Estamos crescendo, estamos desenvolvendo. Estas coisas não se resolvem, já que apanhamos o Brasil em uma recessão extraordinária, de um dia para o outro. Às vezes, leva anos. Mas é preciso começar e tenho certeza que começamos. O Brasil voltou e vai ficar”.

* Com informações da Agência Brasil