O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot usou sua conta no Twitter para criticar as motivações do encontro entre o presidente da República, Michel Temer (MDB), e Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) - Corte onde Temer é investigado por corrupção. Os dois se encontraram no sábado (10) na residência oficial da ministra.
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“Causa perplexidade que assuntos republicanos de tamanha importância sejam tratados em convescotes matutinos ou vespertinos”, disparou o ex-procurador no domingo (11).
A visita de Temer aconteceu dias após ele ter a quebra do sigilo bancário decretada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. A ação inédita – nunca um presidente em exercício do mandato teve o sigilo suspenso pela justiça - tem como intuito investigar supostos atos de corrupção para beneficiar empresas privadas conduzidos pelo presidente na redação do Decreto dos Portos.
Temer também é investigado em outro inquérito no STF. No início de março, o ministro da Corte Edson Fachin autorizou que o presidente fosse incluído na ação que busca averiguar possíveis ilegalidades perpetradas pelo “quadrilhão do PMDB”, do qual participariam o presidente e alguns de seus ministros mais próximos, como Moreira Franco e Eliseu Padilha. Esta última acusação foi levada a cabo pelo próprio Janot, antes de ele deixar a procuradoria. Nos dois casos citados, Temer afirma ser inocente.
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O emedebista, porém, negou que a conversa com Cármen Lúcia tenha relação com as duas investigações. Embora não conste na agenda oficial da presidência, Temer afirmou que o encontro foi marcado para tratar exclusivamente da intervenção federal no Rio de Janeiro.
Ao deixar a casa da ministra, o presidente disse que Cármen Lúcia se comprometeu em colaborar nos assuntos de segurança, tanto no Rio de Janeiro como em outros estados. A situação dos presídios brasileiros também foi discutida entre os dois, segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
Críticas à sucessora
Janot também usou o Twitter para criticar sua sucessora na procuradoria-geral, Raquel Dodge. Ele apontou que, desde que ela assumiu a função, nenhum novo acordo de delações foi fechado pelo Ministério Público.
“Vai ser assim?”, questionou, referindo-se ao ritmo das investigações contra membros do alto escalão do governo. Cármen Lúcia, Dodge e o presidente não se manifestaram sobre os comentários de Janot.
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